Diversificação do Uso do Etanol nos Veículos
8 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no Valor Econômico, caminhões e aviões, contribuição para a redução da poluição, dos automóveis para motos | 2 Comentários »
Um amplo artigo publicado por Fabiana Batista e Bettina Barros no Valor Econômico informa a diversificação que está ocorrendo no Brasil com o etanol que começou sendo utilizado nos automóveis populares e caminham para outros veículos poluentes. Os aviões agrícolas já utilizam o etanol há alguns anos, as motos e os caminhões passam agora por uma fase da expansão do seu uso. Na realidade, todos estes veículos são importantes poluidores do meio ambiente, tanto de monóxido de carbono e material particulado como dióxido de enxofre.
O Brasil foi pioneiro no uso intensivo de etanol, puro ou misturado à gasolina. A partir de 2003, com a contribuição da Bosch, desenvolveu-se a tecnologia flex que permite o uso alternativo da gasolina ou do etanol nos motores, dependendo dos preços dos combustíveis, considerando as diferenças de potência deles. O mundo passou a utilizar os chamados híbridos, principalmente de gasolina e energia elétrica. Mas também o diesel vem sendo substituído por combustíveis não poluentes.
Frotas de caminhões e motos flex vêm aumentando
Na Expo Tsukuba 85 no Japão, o Brasil apresentou a tecnologia do etanol na sua exposição, para surpresa do mundo. O Proalcool permitia que o etanol movimentasse os carros e até a alcoolquímica já era cogitada. Desde aquela época para hoje, muitos aperfeiçoamentos foram introduzidos, melhorando as performances destes veículos com o uso do etanol.
O gargalo atual está na produção competitiva do etanol, pois além das dificuldades da política econômica, a sua produção está concentrada num período do ano, necessitando ser armazenado para utilização durante o ano todo. Como os juros necessários eram elevados, acabou-se desestimulando a sua produção, ao mesmo tempo em que o preço da gasolina estava contido, para ajudar na redução das pressões inflacionárias.
Os norte-americanos passaram a produzir o etanol a partir do milho, com fortes subsídios, quando no Brasil efetua-se a partir da cana de açúcar. Muitos Estados americanos já possuem uma legislação para a redução da poluição, e o Brasil chega a importar hoje este combustível daquele país.
Desde que o governo brasileiro adote de uma política razoável, a produção brasileira que veio também se aperfeiçoando acabará por voltar a crescer, para atender a sua demanda. Além da vantagem relacionada à redução da poluição provocada pelos veículos, tudo da cana passou a ser aproveitado, gerando também energia cuja sobra é vendida pelas usinas para a rede pública.
As preocupações ecológicas se generalizam por todo o mundo, e constantes aperfeiçoamentos estão ocorrendo nos mais variados setores, mas o etanol continua figurando como uma contribuição originalmente brasileira. Mas avanços substanciais precisam continuar pesquisados, pois todos os demais setores relacionados à energia e a preservação do meio ambiente também estão sendo objetos de muitas pesquisas.
A dependência excessiva pela cana-de-açúcar, apontada como um empecilho para a ampliação do uso do etanol tanto para fins energéticos quanto na indústria química, pode ser superada justamente com algumas alternativas atualmente tratadas com descaso como é o caso do etanol de milho. Na prática, o “grão de destilaria” ainda tem um valor agregado maior devido ao teor proteico e ao uso como substrato para elaboração de rações pecuárias e por si só já justifica o milho como matéria-prima para etanol. Resíduos celulósicos diversos provenientes do beneficiamento industrial de gêneros alimentícios também podem ser aproveitados para essa finalidade, principalmente cascas e talos de frutas e legumes mas também a palha da cana que hoje é mais usada diretamente como combustível para caldeiraria. No entanto, hoje eu considero mais promissora a utilização do etanol como substrato para a indústria química, com o biogás/biometano sendo uma alternativa para o uso como combustível veicular até por poder ter a produção consorciada inclusive com a do etanol de modo a aumentar o rendimento energético por hectare.
Caro Daniel Girald,
Parece que os combustíveis atuais que sejam poluentes caminham para a indústria química.
Paulo Yokota