África Emergente Enfocado pelo The Economist
4 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: ampla cobertura sobre a África, as relações com o Brasil e a Ásia, limitações e potencialidades
O The Economist é uma revista que está atenta ao que acontece de relevante no mundo, e no número desta semana publica um relatório especial, com diversos artigos. Isto tem uma importância grande para o Brasil que está presente também, notadamente na África de língua portuguesa, onde somos considerados com simpatia como uma espécie de irmão mais velho da mesma origem na metrópole portuguesa. E porque os brasileiros estão presentes na exploração dos seus recursos minerais como potencialidades agropecuárias, principalmente nas savanas africanas que apresentam semelhanças com o nosso cerrado, transferindo tecnologias. Suas produções visam os mercados asiáticos, com economias nos custos de transporte para os grandes mercados compradores da Ásia. Precisamos consolidar as nossas parcerias, antes que eles se tornem importantes concorrentes.
Todos que viajam pelo continente africano constatam que a África de hoje não se resume na imagem estereotipada que ainda muitos possuem sobre este continente. Mas ainda é um continente de contrastes e flutuações, e, segundo o artigo do The Economist, nos últimos dez anos a sua renda real per capita aumentou mais de 30%, enquanto nos últimos 20 anos diminuiu 10%, mesmo que suas estatísticas não sejam totalmente confiáveis. Os investimentos diretos estrangeiros na África de US$ 15 bilhões em 2002 passaram para US$ 37 bilhões em 2006 e US$ 40 bilhões em 2012, ainda que suas estatísticas sejam precárias, com destaque para os efetuados pelos chineses.
Ainda que existam dificuldades, já possuem três celulares para cada quatro pessoas, como na Índia. Em 2017, cerca de 30% dos domicílios africanos devem ter aparelhos de TV. Na Nigéria, se produz mais filmes que nos Estados Unidos. A África é um grande continente, mesmo desconsiderando o deserto de Saara, com diferenças acentuadas entre os diversos países. Em alguns lugares, como o Senegal, consolida-se uma democracia vibrante. Quando terminou a Guerra Fria, somente 3 países entre 53 da época eram democráticos, que subiu para 25 atualmente, ainda em tons diferentes.
As guerras civis têm diminuído, ainda que prevaleça a realidade tribal cujos domínios pouco têm com os limites nacionais geográficos estabelecidos pelas antigas metrópoles europeias. Muitos grupos privados estão se envolvendo em política, mesmo somente como manifestantes. Há indícios de extensão do clima de primavera que vem do seu norte do continente, ainda que tenham os seus problemas.
Os modelos socialistas estão em declínio, com grupos privados removendo as burocracias. Rica em minérios começa a produzir commodities agrícolas e na última década o comércio com a China elevou-se de US$ 11 bilhões para US$ 166 bilhões. Existem os que consideram que o século é africano, havendo expressões como a China do amanhã ou uma nova Índia.
Existem receios que a África será saqueada pelos estrangeiros, havendo muitos funcionários locais corruptos, faltando experiência para os mais corretos. As parcerias com os brasileiros podem proporcionar tecnologias, como na agropecuária com a ajuda da Embrapa. Muitos consideram o Brasil não tem pretensões neocolonialistas como alguns outros países.
Os jornalistas do The Economist viajaram por 25.400 quilômetros, durante 112 dias por um longo roteiro pela África, enfrentando todas as dificuldades. Em nove dias, contaram com a disponibilidade de e-mails do smartphone. Raramente eram dias perigosos ou difíceis. A perspectiva para a próxima década é elevada, com o aumento de sua produção agrícola, inícios de produções industriais para a exportação, o surgimento de um mercado de varejo local, melhoria dos sistemas de transporte, e aumento de eleições mais justas, governos mais eficazes, acesso generalizado à tecnologia. O longo relato do The Economist mostra locais onde os avanços estão ainda baixos, mas eles diminuíram.
Bilhões de investimentos já foram efetuados, e devem maturar ao longo do tempo. Existem novos campos de exploração do petróleo bem como de minerais, mas existe um tempo para as mudanças dos sistemas. O Banco Mundial espera que até 2025 a maioria dos países africanos tenha superado a renda de US$ 1.000 por pessoa.
Os viajantes contam que já existem muitas localidades na África cujo desenvolvimento é surpreendente, como os melhores padrões encontrados em outras partes do mundo, alguns superiores aos mais elevados encontrados no Brasil.