Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Boom do Gás de Xisto nos EUA e seus Problemas

2 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a produção do gás de xisto nos EUA, disputas tribais, previsões de ampliação, problemas variados

São impressionantes as notícias sobre o rápido aumento da produção de petróleo e gás do xisto (shale-oil). Há cinco anos, eram insignificantes, tendo chegado em 2010 a 23% de todo o gás produzido nos Estados Unidos, estimando-se chegar a 49% em 2035, e algo semelhante vem acontecendo do petróleo de mesma origem. Aquele país espera ficar independente da importação de energia nas próximas décadas, provocando uma das mais espantosas mudanças estruturais na sua economia. Este verdadeiro boom não poderia deixar de provocar também muitos problemas cujas discussões científicas e jornalísticas se intensificam.

Como na fragmentação do xisto, visando a produção de petróleo e gás, utilizam-se variados métodos, mas normalmente envolvendo a injeção de água com produtos químicos, e existem discussões técnicas sobre a poluição que estaria ocorrendo no subsolo, ainda que não existam, por ora, comprovações científicas insofismáveis, possivelmente do curto tempo decorrido. Nos vazamentos de óleo na superfície são evidentes os danos ecológicos, discutindo-se os males que estão causando aos animais e seres humanos. Nos transportes dos produtos químicos existem elevados riscos de contaminação do meio ambiente. Discute-se também o aumento dos riscos de terremotos com estas explorações.

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Como este aumento da exploração está ocorrendo intensamente, num curto espaço de tempo, como resultado do baixo custo dos petróleos e gás extraídos, há uma expansão desorganizada, com abusos de todas as ordens. Isto vem ocorrendo não somente nos Estados Unidos, pois as existências de reservas de xisto estão comprovadas em mais de três dezenas de países. Em muitas regiões do mesmo país também já se efetuam as suas explorações.

O Wall Street Journal registra agora conflitos com os indígenas norte-americanos diante destas explorações nas suas reservas. Alguns líderes tribais estão sendo acusados de cederem reservas que pertencem a toda tribo por preços irrisórios para a exploração do xisto, beneficiando-se individualmente. Áreas que não valiam muito, onde a fonte de renda eram os cassinos, passam por uma euforia de novas atividades provocando acusações de irregularidades.

Em algumas regiões dos Estados Unidos, o tráfego de caminhões por estradas ainda precárias dão gritantes evidências de danos ambientais, com poluições e poeiras, proporcionando cenário como os que eram frequentes na China. Existem também suspeitas que a incidência de terremoto possa aumentar, com as fragmentações das rochas de xisto.

Constata-se que as promessas eleitorais do presidente Barack Obama de atingir a autossuficiência energética muito breve parece que começam a concretizar-se, mas custos sociais de toda ordem parecem agravar-se, notadamente nos aspectos ambientais, que podem ser de longo prazo.

Parece que acaba sendo uma desculpa para que os Estados Unidos não assumam metas quantitativas nos entendimentos internacionais no âmbito das Nações Unidas, provocando um grande prejuízo mundial na sustentabilidade do planeta.