Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Japão no TPP – Trans-Pacific Partnership

16 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: decisão de participação nos estudos, negociações difíceis, vantagens e desvantagens

Até recentemente, eram membros que estavam estudando a organização da TPP – Trans-Pacific Partnership onze países: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura, Estados Unidos e Vietnã. Agora, o Japão, por intermédio do seu primeiro-ministro Shinzo Abe, expressou oficialmente a solicitação de sua adesão, como noticiado nos principais jornais do mundo, o que se espera seja aceito até meados do ano. Até o momento, todas as conversas são preliminares, pois existem grandes obstáculos a serem superados. Segundo o jornal japonês Nikkei, os Estados Unidos teriam dificuldades na área automobilística, enquanto o Japão continua sendo pressionado para eliminar as tarifas sobre produtos agrícolas.

Ainda que a produção agrícola japonesa seja de pouca importância, o seu poder político ainda é grande, pois o sistema de eleição distrital faz com que nos distritos que contam com áreas rurais necessitem de menos eleitores para elegerem os seus parlamentares, do que os grandes centros urbanos, onde os votos necessários chegam a ser 100 vezes maior. Procura-se balancear as diferenças de importâncias econômicas com equilíbrios no poder político, como em muitos países. O ministro da Agricultura do Japão, Yoshimasa Hayashi, prometeu fazer os esforços possíveis para evitar a redução das tarifas sobre o arroz, o açúcar (que é de beterraba na maioria, mas de cana no sul do país), trigo, produtos lácteos, carnes bovinas e suínas.

TPP

O Japão solicitou adesão ao TransPacific Partnership, formado atualmente por onze países

O artigo publicado no site da Bloomberg ressalta que é um lance arriscado de Shinzo Abe, pois algumas empresas da indústria automobilística poderiam ser beneficiadas, mas também existem resistências de outros países membros, como acontece em todos os acordos de livre comércio, que no caso pretende ampliar na assistência de alguns países emergentes do Sudeste Asiático, bem como latino-americanos.

As negociações devem prosseguir com disputas acirradas, pois todos os países enfrentam algumas dificuldades, ao lado de vantagens de facilidade de acesso aos grandes mercados, como dos Estados Unidos e do Japão. É preciso considerar que também já existem outros acordos beneficiando algumas regiões, como a NAFTA, da qual participam o México, os Estados Unidos e o Canadá.

Os analistas políticos entendem que o TPP e o acordo que está se tentando no Atlântico Norte, entre os Estados Unidos e a Comunidade Europeia, faz parte da geopolítica norte-americana visando um movimento de pinça para contrabalancear o crescente aumento do poder da China.

Em qualquer hipótese, não se deve esperar um acordo geral num prazo muito curto, pois sempre existem setores que são beneficiados e prejudicados em todos os países membros, que precisam ser neutralizados para beneficiar o conjunto.

No caso brasileiro, há que se acompanhar cuidadosamente estes movimentos, pois o Brasil não tem sido agressivo nestes tipos de acordo, e acaba isolado, com alguns dos seus vizinhos e concorrentes beneficiados.