O Novo Governo Chinês
18 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo do China Daily, entrevista do Premier Li Keqiang, estratégia a ser adotada, reconhecimento das dificuldades
Depois da posse do presidente Xi Jinping, a figura executiva mais importante da China é do primeiro-ministro Li Keqiang, que foi escolhido pelo Partido Comunista Chinês para compor dois importantes segmentos da política chinesa. Com uma vivência no exterior, os dois são líderes preparados e procuram ganhar a batalha da comunicação, concedendo uma entrevista à imprensa, dentro dos parâmetros chineses, mas denotando desejos de avanços claros, ao mesmo tempo em que conscientes das dificuldades que devem enfrentar.
Desde o tempo em que foram designados até a aprovação formal pelo PCC, os dois principais líderes tiveram um tempo para consolidar os seus discursos, ao mesmo tempo em que compunham a equipe governamental que mostra um esforço para atendimento das diversas tendências políticas, inclusive dos que não foram devidamente contemplados nas etapas anteriores. Como já postamos neste site, não existe mais o fácil consenso na China e as reformas que deverão ser implementadas gerarão reações que precisam ser neutralizadas. No fundo, trata-se de um desenvolvimento sustentável, com a perseguição da diminuição dos seus problemas como a poluição e as desigualdades.
O primeiro-ministro chinês Li Keqiang durante a sua entrevista à. Foto: Wu Zhiyi / China Daily
Ainda que o assunto tenha sido divulgado por toda a imprensa mundial, parece sempre interessante a visão oficial que é dada por um jornal como o China Daily, elaborado pelo jornalista Zhu Zhe, para a sua edição voltada para os Estados Unidos e o Ocidente.
Segundo o artigo, Li Keqiang definiu três principais tarefas para o mandato dos próximos cinco anos de crescimento em torno de 7,5% ao ano, avanços nas reformas necessárias e um Estado de Direito. Segundo ele, a manutenção do crescimento econômico é vital, proporcionando a melhoria de vida da população, salvaguardando a justiça social.
Ele, segundo o artigo, enfatizou que precisam evitar o mal estar urbano, com arranha-céus convivendo com favelas. Que devem deixar o que o setor privado e o mercado executam bem, ficando o governo na sua supervisão. No combate à corrupção, usou a expressão que os ossos devem ser quebrados, mas não eliminar os nervos. Ele acredita que a convivência com os Estados Unidos é possível.
Li Keqiang mostrou-se consciente que muitas dificuldades terão que ser enfrentadas, mas com calma, facilitando o crescimento, reduzindo a inflação e evitando grandes flutuações na economia, pretendendo dobrar o nível de renda per capita até 2020.
Pretende melhorar o nível de renda no setor urbano e rural, em particular nas áreas mais pobres, para expandir o tamanho da classe média chinesa. Ele entende que uma rede de segurança social sólida precisa ser perseguida, especialmente com a educação, a assistência médica, seguro social e habitação, notadamente onde estão os pobres.
Comprometeu-se em garantir que todos chineses desfrutem de igualdade de oportunidades e recebam as recompensas pelos seus trabalhos, independentemente da sua origem social ou familiar.
Ele reconhece que estas tarefas não são fáceis e defende reformas profundas e um Estado de Direito. Reformas no setor financeiro, orientando os juros, o câmbio, desenvolver o mercado de capitais em várias camadas, e tornar o financiamento mais fácil para as famílias.
Ele espera mais recursos privados investidos no setor financeiro, de energia e ferrovias, e o governo vai reformar a segurança social, médica e seguro de pensões, contribuindo para a mobilidade do trabalho.
Compromete-se com a racionalização das funções do governo, reduzindo as exigências para aprovações dos projetos, reduzindo a possibilidade de corrupção. Afirma que as reformas serão dolorosas. Haverá redução de ministérios dos atuais 27 para 25.
Por tudo que foi anunciado, verifica-se que não se trata mais de uma economia socialista, havendo necessidade de reformas que reduzam o atual poder das estatais e da administração pública, que deverá encontrar resistências.
A democracia chinesa será a que for possível, com avanços lentos, mas atendendo as aspirações mais agudas da população, que enfrenta problemas de poluição com de distribuição dos benefícios, além dos graves problemas de corrupção. Como medidas concretas já estão sendo tomadas, ainda que as dificuldades sejam enormes, há que se alimentar a esperança que sejam bem sucedidos.
No que se refere ao Brasil, há que se manifestarem também intenções semelhantes, pois a concorrência internacional parece apresentar um cenário mais acirrado.