Pioneiros Economistas Preocupados Com o Meio Ambiente
8 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: livro publicado em 1971 pela Cambridge University Press, Nicholas Georgescu-Roegen, professor visitante na FEA-USP, versão em português
Houve um período na história da FEA-USP – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo que o intercâmbio com o exterior e a vinda de importantes professores já consagrados mundialmente eram mais intensivos. O reconhecido professor Nicholas Georgescu-Roegen esteve por alguns anos como visitante dando suas lições e ajudou a ampliar as possibilidades de formados na Faculdade poderem obter mestrados e doutorados em consagradas universidades no exterior. No próximo dia 20 de março, haverá um lançamento do seu livro, em português, com a participação do professor Delfim Netto que foi diversas vezes ministro e conviveu com ele, e Ibrahim Eris, que foi presidente do Banco Central do Brasil, que foi orientado pelo professor na Universidade de Vanderbilt, conforme nota postada no site da Amália Safatle.
Além do seu profundo conhecimento de ciência econômica, raro no Brasil da época, Georgescu-Roegen publicou o seu livro “The Entropy Law and the Economic Process” pela prestigiosa Cambridge University Press, em 1971, possivelmente um dos primeiros dos economistas de primeira linha que se preocupavam com o meio ambiente, como destaca José Eli da Veiga, ex-professor na FEA-USP no prefácio do livro na versão brasileira. Ele cruzava o conhecimento econômico com o da Física e da Biologia, bem como História e outras ciências sociais, demonstrando uma formação universal, como era mais frequente na Europa daquele período, prejudicado pela excessiva departamentalização do conhecimento que ocorreu nos Estados Unidos.
Como com todos os pioneiros, houve reações dos pensamentos mais tradicionais, que imaginavam os conhecimentos de economia como uma ciência que hoje está sendo entendida mais como uma arte, diante da contestação de muitos estudos que eram considerados consagrados e que estão sendo desmentidos pela realidade, muito mais rica e complexa.
O artigo expressa uma interessante ideia do professor Eleutério Prado, da Universidade de São Paulo, que Georgescu-Roegen “se transformava num crítico da modelagem mecânica da teoria econômica (…) passando assim a ser ameaça à teoria neoclássica, quando essa teoria entrava já na sua fase de decadência e se tornava mera religião”. Existem poucos livros em português que falam de Georgescu-Roegen, e o artigo cita o de André Cechin, de 2010, “A Natureza Como Limite da Economia: a contribuição de Nicholas Georgescu-Roegen”.
Hoje, quase virou moda escrever sobre a sustentabilidade relacionada com o desenvolvimento econômico, havendo muitos autores discutindo a necessidade de preservar o meio ambiente. Mais do que isto, existem fortes segmentos da sociedade, não só brasileira como mundial, atuando para que a preservação se torne mais interessante, do ponto de vista econômico, que a destruição.