Xi Jinping e o Poder Militar Chinês
14 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo no Wall Street Journal, China Dream do Poder Militar, posicionamento de Xi Jinping, riscos | 4 Comentários »
Jeremy Page é um jornalista do Wall Street Journal especializado em China, e no seu artigo mais recente aborda o papel que o Xi Jiping já desempenha no comando efetivo da área militar chinesa. Com os seus pronunciamentos relacionados com o seu China Dream, já vem exercendo o papel de supremo comandante militar, como nunca se viu antes naquele país. Ele afirma que seus antecessores não tiveram uma posição tão determinada, como revelado na visita ao destróier Haikou de mísseis guiados que patrulham as águas disputadas no Mar da China Meridional. Tudo indica que quer comunicar ao mundo que aquele país vai desempenhar um papel fundamental na área, mesmo sem querer um confronto com os Estados Unidos e seus aliados. Os países envolvidos em disputas como o Japão sentirão o peso militar que a China está dando para esta área, que corresponde ao econômico.
Este China Dream significa uma nação forte, e para os militares um poder militar poderoso. Ele também fez uma visita ao programa espacial da força aérea com seus mísseis, o que é uma novidade entre os líderes chineses no exercício do seu poder nos primeiros 100 dias. Eles esperam igualar o poder militar dos Estados Unidos até meados do século. E os militares voltam a recuperar o seu poder na elite política chinesa. Existem alguns que interpretam que ele está tentando consolidar o apoio dos militares para as reformas que a China necessita para continuar com o seu desenvolvimento, e até reduzir o impacto das notícias de corrupção.
Xi Jinping a bordo do destróier Haikou e primeiro porta-aviões chinês Lioning
Qualquer que seja o objetivo de Ji Xinping, a sua postura militar indica uma clara ruptura com o passado. O artigo menciona aspectos históricos que mostram as posturas de outros líderes anteriores. O atual presidente designado, que deve assumir a presidência nesta semana, foi rápido em conseguir o controle da Comissão Militar de 11 membros, onde somente ele é civil, capacidade política que têm revelado também no que se refere ao Partido.
Seus discursos expressam-se em ações, como na disputa de ilhas com o Japão, definindo a sua forma de atuação, independente das posições contrárias. A corrida neste século com os Estados Unidos vai ser acirrada, o que vai exigir de ambas as partes pesados investimentos.
Sua nova posição já indica ter sido absorvida tanto pelo Exército, Marinha como Força Aérea chinesa, e os analistas ocidentais estão debruçados sobre as suas consequências. Em curto prazo, procuram desencorajar ações como do Japão, estimulados pelas posições norte-americanas. Procuram convencer os americanos a deixar de insistir no reequilíbrio na Ásia, que custaria demasiadamente. Alguns entendem que as influências sobre a região acabarão sendo divididas pelas quatro potências: a China, os Estados Unidos, a União Europeia e a Rússia, o que seria um retrocesso.
Esta disputa acaba extravasando o campo militar para se estender por outros círculos do poder. Ainda que a guerra seja improvável, tudo leva a crer que durante o século as tensões serão grandes, com prejuízos para os participantes menores da região, que terão que se aliar a outros, esperando-se que os entendimentos diplomáticos sejam eficientes, diante de riscos elevados, que podem afetar todo o mundo.
Esse China Fantasy apenas dá aos EUA mais um motivo para manter sua presença na Ásia. Nesse cenário, é natural que países com espírito democráticos como o Japão e Índia tenderão a se alinhar com os americanos. Aparentemente os próximos anos prometem ser tensos na Asia, talvez uma nova guerra fria?
Caro Mike,
Alguns dos seus comentários sãõ desairosos, pois qualquer país tem direito a ter os seus sonhos que são radicalmente difentes de fantasias, e a China tem provado de um desenvolvimento que impressiona o mundo, e todos possuem os seus problemas. Os analistas internacionais entendem que estas tensões acabam ocorrendo em muitos casos, não sendo necessariamente uma guerra fria.
Paulo Yokota
Na ausência de uma ameaça real, o militarismo está mais para uma delírio fantasioso do que para um ‘sonho’ legítimo.
Caro Mike,
Existe uma diferença entre o aumento do poder militar e o militarismo. A China continua claramente sobre o comando do poder civil.
Paulo Yokota