Agressividade das Empresas Japonesas no Exterior
17 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a AGC e a Takeda, agressividade das empresas japonesas no exterior parece associada às influências de executivos de origem estrangeira, caso da Softbank, Nissan e Hitachi
Alguns grandes grupos japoneses tiveram origem em executivos ousados de origem estrangeira, como o caso da Softbank que parece inclinada a tentar o controle da Nextel, sob comando de Masayuki Son, de origem nipo-coreana. Também a Nissan, diante das suas dificuldades financeiras de anos atrás, foi obrigada a contar com a participação do Carlos Ghosn, de origem franco-brasileira, que também a recuperou e atua intimamente associada com a Renault. A Hitachi também se mostra ousada no Brasil, contando com executivo de origem nipo-brasileira, envolvendo-se agora em pesquisas na área das telecomunicações. Outras cogitações parecem em andamento, com pequenos e médios projetos.
Os grupos japoneses já foram mais agressivos no passado, e parecem voltar agora a ter as mesmas atitudes com a forte desvalorização do yen, que os tornam mais competitivos internacionalmente, apesar de algumas reações com a sua guerra fiscal, que as autoridades informam que não é o objetivo principal. Mas decorre da nova easing monetary policy, dentro do chamado Abeconomics. A sua prioridade ainda parece ser a Ásia, mas alguns primeiros passos também começam a ser esboçados no resto do mundo, ainda de forma cautelosa. Parece que não existe alternativa diante da redução da população japonesa e mesmo com alguma recuperação a sua economia continuará crescendo menos que nos mercados emergentes.
Isto parece compreensível diante da atual falta de fortes lideranças empresariais naquele país. Percebem que não podem se manter isolados como na atitude que eles mesmos chamam de Galápagos, isolado do resto do mundo. Por mais que tenham atuado na economia globalizada, suas culturas empresariais ainda estão dominadas pelas formas que sempre atuaram num arquipélago.
Existem honrosas exceções, como a AGC, que passou a atuar globalmente, tendo a sua nova sede na Bélgica. Ou a Takeda, que absorveu importantes empresas do seu setor farmacêutico na Suíça e nos Estados Unidos, começando a utilizar o seu nome próprio nas atuações internacionais.
Tudo indica que este processo demandará algum tempo, pois muitos dos seus executivos de escalão intermediário ainda possuem experiências somente naqueles mercados que consideravam prioritários. Mesmo com a identificação de algumas oportunidades nos países emergentes, estes grupos japoneses parecem que só conseguirão atuações expressivas se contarem com a retaguarda de entendimentos bilaterais de governos, como vem acontecendo na Ásia, notadamente no Sudeste Asiático.
Seria a volta da atuação semelhante com a do antigo Japan Inc. onde o governo proporciona a retaguarda para atuação mais agressiva do setor privado em grandes projetos de infraestrutura, envolvendo muitos grupos privados japoneses.
Parece natural a cautela e o tempo necessário para estas alterações, pois já experimentaram grandes fracassos quando se aventuraram com iniciativas ousadas em mercados que pouco conheciam. Usando as tecnologias acumuladas ao longo do tempo, contando com a imperiosidade de atuarem globalmente, espera-se que consigam resultados que seus vizinhos asiáticos estão obtendo no resto do mundo.