Intermináveis Tensões no Extremo Oriente
25 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: as tensões políticas no Extremo Oriente, as visitas de políticos japoneses ao templo Yasukuni, reações da Coreia e da China
Os resquícios da Segunda Guerra Mundial e de conflitos anteriores permanecem dificultando as relações entre o Japão, a China e a Coreia. Os jornais da região registram as costumeiras visitas dos políticos japoneses ao templo Yasukuni, que guarda os restos mortais de heróis japoneses, inclusive de alguns que foram considerados criminosos do último conflito mundial. Na atual situação onde as disputas sobre ilhas entre o Japão e a China e o Japão e a Coreia, estes problemas que já deveriam ser considerados corriqueiros acabam ganhando uma expressão mais forte, acirrando os sentimentos nacionalistas, principalmente entre as três nações do Extremo Oriente.
As notícias informam que o primeiro-ministro Shinzo Abe e o ex-primeiro-ministro Taro Abe, atualmente encarregado da política econômica japonesa, acabaram sendo acompanhados por visitas ao templo por mais 160 parlamentares, fazendo com que o ministro das relações exteriores da Coreia chamasse o embaixador japonês para explicações. Os jornais japoneses informam que o atual governo endurece a política externa, notadamente com seus vizinhos chineses e coreanos. Tudo isto está ligado à próxima eleição prevista para agosto, quando a maioria na Camara Alta está em disputa.
O polêmico Templo Yasukuni localizado em Tóquio
Certamente, o templo Yasukuni é dos maiores de Tóquio, e ficava a poucas quadras de onde morei por um ano, num bairro destacado da capital japonesa, a cerca de 500 metros do Palácio Imperial. É um templo grandioso, com grande significado para o povo japonês, pois lá estão sepultados os grandes heróis japoneses de muitas décadas, não somente os que participaram da Segunda Guerra Mundial. Principalmente para os nacionalistas japoneses, acaba tendo um significado superior ao de outros, que costumam guardar as cinzas de seus ancestrais.
Sempre houve uma movimentação política explorando estas visitas dos políticos japoneses, mas os acontecimentos recentes acabam agigantando a sua importância. Para os brasileiros, que sempre resolveram seus problemas de fronteiras internacionais por meio da diplomacia, acaba ficando difícil de compreender o elevado significado simbólico que estes gestos ganham naqueles países.
É preciso compreender, também, que não se trata somente de disputas sobre ilhas, mas sempre são recordados os massacres e as explorações sexuais que ocorreram durante os conflitos armados. Os japoneses costumam alegar que já indenizaram os países vizinhos pelas atrocidades, mas os reparos acabam sendo também utilizados para outras finalidades, lamentavelmente.
Estes problemas de etnia e política não se resumem aos orientais. Repetem-se com os israelitas, curdos e armênios, e entre muitos asiáticos acabam sendo motivos de disputas armadas entre povos vizinhos, sempre com exageros dos nacionalistas, mesmo neste mundo que ganha um importante processo de globalização.
As afirmações das identidades nacionais acabam tendo uma grande importância política, e são utilizados principalmente nas campanhas políticas, algumas vezes de formas lamentáveis.