Inversão dos Fluxos Migratórios

10 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: América Latina exportava mão de obra, artigo do The Economist, passou a importar mesmo com algumas dificuldades

Um artigo publicado no The Economist menciona não somente o Brasil assim como o México e outros países da América Latina, que costumavam exportar parte dos seus trabalhadores, oficial ou ilegalmente e passaram a ser importadores dos mesmos tanto da Europa como dos Estados Unidos. Com dados que não são precisos, informa-se que o desemprego nos países chamados desenvolvidos está provocando uma nova onda de migrações para os países emergentes que demandam recursos humanos para o seu atual crescimento, principalmente de países que apresentam similaridades como a Espanha e Portugal. Devem se somar ainda os que tinham migrado para a Europa, Estados Unidos ou Japão, e que estão retornando aos seus países de origem, que, bem ou mal, apresentam melhores oportunidades de emprego no momento.

O artigo menciona que isto está se refletindo na área dos restaurantes, que transferiam hábitos de consumo dos países latino-americanos para os desenvolvidos, e agora estão provocando transferências daqueles que preparam culinárias, como as europeias, para o novo mundo. Muitos novos restaurantes e estabelecimentos voltados a todos os tipos de culinária estão se multiplicando não somente no Brasil como nos seus vizinhos, apresentando novas leituras, diferentes e atualizadas dos que foram trazidos pelos antigos imigrantes do final do século XIX e todo o século XX. Observam-se, também, alguns restaurantes asiáticos e até peruanos, ainda que muitos não sejam autênticos.

Tasca da Esquina, que tem a matriz em Lisboa, conta hoje com uma unidade em São Paulo

O artigo informa que muitos executivos estão sendo procurados no Brasil, como os relacionados com o petróleo e gás, mas existem dificuldades burocráticas como os demorados processos de concessão de vistos, o que acontece também com os chamados expatriados, que atuam nas subsidiárias de empresas estrangeiras no Brasil, com em outros países vizinhos.

Apesar da carência de alguns profissionais qualificados, como os médicos de algumas especialidades, os exames de adaptação e reconhecimento dos seus diplomas são complexos, havendo universidades que não aceitam os que efetuaram cursos no exterior. Hoje, os salários de muitos engenheiros no Brasil são superiores aos dos países desenvolvidos, mas existem dificuldades de todas as ordens para suas migrações.

Quando se trata de recursos humanos como os voltados para as culinárias, que não necessitam obrigatoriamente de diplomas universitários, parece que tais migrações são mais fáceis, mesmo que parte comece ilegalmente. Nota-se que muitas chinesas, tão logo chegam ao Brasil, procuram se engravidar, pois tendo filhos brasileiros não podem ser expulsas.

As condições nos diversos países latino-americanos apresentam as suas diferenças, sendo que o México está mais integrado com os Estados Unidos dada a existência da NAFTA – Acordo de Livre Comércio do América do Norte, que envolve também o Canadá. Acompanhando estes fluxos migratórios, ocorrem remessas de recursos para seus familiares em sentido contrário, com o aumento das mesmas para a Europa.

Existem, ainda, muitos países que continuam aceitando imigrantes que possuem um mínimo de patrimônio para reiniciarem suas atividades no exterior. Estes fluxos, ainda que mais lentos que as mudanças econômicas, ajudam a provocar um mínimo de reequilíbrio, neste mundo globalizado.