O Nebuloso Comportamento da Coreia do Norte
1 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: ameaças militares, artigo no The Washington Post, dificuldades econômicas, dificuldades gerais de compreensão do que acontece, repercussões no Extremo Oriente
Todos sabem que a Coreia do Norte passa por um período de grandes dificuldades econômicas e fica difícil de compreender-se as descabidas ameaças militares feitas pelo jovem líder Kim Jong Um. Elas se dirigem à Coreia do Sul e aos Estados Unidos, e envolvem diretamente o Japão pela proximidade, desobedecendo às orientações emanadas das Nações Unidas, que recomendam a cessação de lançamentos de foguetes e testes nucleares.
A guerra entre a Coreia do Norte e Sul, que os nortistas consideram não terminada, acabou dividindo a pequena península em duas partes, pela zona desmilitarizada junto ao paralelo 38. Ainda que a parte mais rica em minérios e recursos naturais tenha ficado ao norte, a Coreia do Sul, com a ajuda dos aliados, principalmente dos Estados Unidos, acabou se desenvolvendo aceleradamente como um dos “tigres asiáticos” conquistando com seus produtos importantes mercados externos, desenvolvendo tecnologias que são intensamente utilizadas tanto pelas gigantescas chaebol como as pequenas e médias empresas.
A Coreia do Norte tem o comando de um ditador, que hoje é o neto de quem começou com este regime, mas não se sabe se ele é refém de uma cúpula militar que domina o país. O artigo do The Washington Post que também não tem todas as informações desejáveis levanta duas hipóteses: uma cooperação com o Irã, que mesmo os Estados Unidos consideram um mistério; um desenvolvimento tecnológico da própria Coreia do Norte.
Tanto os Estados Unidos, a Coreia do Sul como o Japão tentaram conseguir os resquícios do último teste nuclear, mas só os japoneses conseguiram detectar um breve pico de isótopo radioativo. Estes fatos indicam duas possibilidades: que o teste foi feito a elevada profundidade, com o receio da Coreia do Norte irritar a China, ou ele foi de impacto limitado e os coreanos do norte dispõem de tecnologias para conter os seus efeitos. Os aliados contam com muitos sensores na região para detectar os abalos que são provocados por estes testes.
Todos lutam com as faltas de informações. Sabe-se que a explosão ocorreu nas proximidades da fronteira com a China e o seu poder deve corresponder à bomba lançada sobre Hiroshima. A hipótese provável é que eles conseguiram uma oferta ampla de urânio, com plutônio suficiente para muitas bombas. Visitantes norte-americanos confirmaram que eles operam pelo menos uma fábrica de enriquecimento de urânio, descrita como grande, sofisticada e totalmente operacional.
Além da tecnologia da bomba, existe o problema do veículo portador confiável, e muitos países estão preocupados com acordos que os coreanos do norte estão fazendo também com a Síria. De qualquer forma, os Estados Unidos preventivamente realizam exercícios militares com a Coreia do Sul. Utilizam aviões F-22 considerados furtivos, estacionados no Japão.
As tensões na região são crescentes. Sempre existe a possibilidade, também, da Coreia do Norte estar elevando a sua capacidade de negociação de uma ajuda maciça para resolver os problemas econômicos de sua população. Mas, na falta de informações confiáveis, sempre as hipóteses mais pessimistas também são consideradas.