Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Wall Street Journal Comenta Eike Batista

2 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: alguns problemas apontados pelo jornal, capacidade de convencimento de importantes grupos internacionais, movimentos gigantescos no campo virtual, reestruturações em andamento

Ainda que muitos acontecimentos tenham cercado recentemente o grupo comandado por Eike Batista, é sempre desconfortável comentar o que acontece com grupos privados brasileiros. Mas, como o assunto mereceu um amplo artigo publicado num jornal de prestígio internacional como o The Wall Street Journal, escrito por Luciana Magalhães, Paulo Winterstein e Matthew Cowley, ele não pode ser mais ignorado. Envolve suportes do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, além de volumosos recursos levantados junto a importantes grupos internacionais, que devem contar com competentes analistas.

Todos mencionam a elevada capacidade de Eike Batista, que tem na sua retaguarda seu pai, Eliezer Batista, que foi fundamental no desenvolvimento da Vale, que deslanchou com a construção do porto de Tubarão, e outros projetos brasileiros importantes como a de Carajás, que escoa a sua produção pelo porto de Itaqui. Ele se movimenta com desenvoltura, possuindo relacionamentos internacionais, ainda que seus projetos efetivos sejam limitados diante da magnitude dos seus ousados planos.

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                                           Eike Batista

O artigo deste jornal internacional começa denominando Eike Batista como um bilionário brasileiro “flamboyant”, que construiu sua fortuna quase do zero, colocando seus papéis virtuais junto a grandes e competentes grupos internacionais que devem contar com assessores de elevada qualidade, que tenham analisado seus grandiosos projetos. Na sua exuberância expressiva, ele chegou a afirmar que se tornaria o mais rico do mundo, mas quando se iniciou a queda substancial de suas ações que estão no mercado, procura salvar o que é possível, procurando assessorias de bancos de investimentos privados.

Deve-se constatar que este tipo de comportamento não é somente dele, pois o próprio pré-sal gerou expectativas exageradamente otimistas, não considerando suas dificuldades tecnológicas ou o aparecimento de importantes concorrentes como a decorrente da exploração do xisto, de baixo custo ainda que poluente.

Muitos dos seus projetos são identificados com X, tanto os de infraestrutrura, mineração como os de variadas atividades. Sua qualidade de exímio vendedor não pode ser colocada em dúvida, por convencer importantes grupos a fazerem volumosos investimentos em suas empresas, proporcionando-lhe apreciáveis lucros, ainda que elas não tivessem chegado a ponto de gerar resultados positivos.

Tivemos limitados contatos pessoais, mais intensos com seus familiares que sempre guardaram algumas reservas, preferindo atitudes mais discretas. A grande dificuldade é quando estes valores virtuais acabam sendo colocados em dúvida, com alguns resultados por ora adversos. Certamente, muitos dos seus projetos possuem possibilidades amplas de bons resultados, mas ainda dependem de muitos investimentos, tecnologias e tempo para a sua maturação.

O artigo menciona como início de suas dificuldades os resultados de suas primeiras extrações de petróleo, abaixo das expectativas. Suas ações chegaram a quedas entre 60 a 70%. O grupo encontra-se com apreciáveis passivos junto aos bancos e o clima atual não inspira confiança aos fugidios credores. Afirma o artigo que sua disponibilidade de caixa é suficiente para os gastos de alguns anos.

O governo brasileiro está mais envolvido via BNDES. A potencialidade de muitos dos seus projetos existe, mas o forte impacto que o grupo já sofreu aumentam as dúvidas, ainda que alguns contem com bases físicas, mas que precisam de investimentos contínuos para se tornar efetivos.