Pesquisas Nipo-Brasileiras em Águas Profundas
8 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: cerca de 1.000 quilômetros da costa, pesquisas nipo-brasileiras feitas utilizando o submergível Shinkai, possíveis extensões da plataforma continental do Brasil, possível localização de granitos na chamada Elevação Rio Grande, prova da separação da Pangeia
Um anúncio conjunto da CPRM – Companhia de Pesquisas Minerais do Brasil, da JAMSTEC – Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar e do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo confirmaram descobertas importantes nas pesquisas que estão sendo efetuadas a cerca de 1.000 quilômetros da costa brasileira, na chamada Elevação Rio Grande, no Oceano Atlântico. A notícia está nos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo como The Japan Times. Foram encontradas rochas com aparência de granito que não costumam ser localizadas no mar, permitindo supor que foram deslizamentos que ocorreram quando da separação da Pangeia, continente que unia a América do Sul com a África, bem como o que existia há cerca de 225 milhões de anos atrás no globo.
Foram utilizadas nas pesquisas o navio japonês Yokosuka, que dá apoio ao submergível Shinkai 6500, que pode chegar a 6.500 metros de profundidade do mar. A presença de granito, que terá ainda que ser confirmada com uma perfuração que será efetuada ainda neste ano, indicaria que houve um deslizamento de parte do continente sul-americano, que poderia estender à plataforma continental brasileira até esta vasta região, estimada como metade da dimensão do Estado de São Paulo.
In search for lost world: A Shinkai 6500 manned submersible belonging to the Japan Agency for Marine-Earth Science and Technology probes the seabed off the coast of Rio de Janeiro on April 30. | JAPAN AGENCY FOR MARINE-EARTH SCIENCE AND TECHNOLOGY/KYODO
Muitos que participaram das pesquisas estão ligando as descobertas com a localização da legendária Atlântida como brincadeira, como divulgado nos jornais. O diretor da CPRM, Roberto Ventura Santos, informa que normalmente outras formações marítimas costumam ser de rochas vulcânicas, como os arquipélagos Fernando de Noronha e São Pedro e São Paulo, quando esta aparenta ser de granito, à semelhança do Pão de Açúcar.
O biólogo Paulo Sumida, do Instituto Oceanográfico da USP, considerou que a expedição foi um sucesso, ele que foi um dos quatro brasileiros que mergulharam no Shinkai, pois foram colhidas muitas informações sobre a vida marítima na região. A professora Naomi Ussami, da USP, que estuda a formação do Elevado Rio Grande, a descoberta, se confirmada, vai mudar a história do Atlântico Sul, além de resolver o debate sobre a extensão da plataforma continental brasileira. Segundo ela, “se for um pedaço da crosta continental, é um pedaço do Brasil, e aí passa a ser área exclusiva de exploração pelo país”.
Esta cooperação nipo-brasileira está sendo considerada de grande importância, pois sem os equipamentos japoneses, como o navio de suporte Yokosuka e o submergível Shinkai 6500, os brasileiros levariam muito tempo para efetuarem estas pesquisas.
O professor Shinichi Kawakami, professor da Universidade de Gifu, especialista em ciências planetárias, afirmou que o granito pode ser parte de um grande continente que se separou no que hoje é a África e a América do Sul, diante das movimentações das placas tectônicas. Isto nada teria com a legendária Atlântida, que seria muito posterior a estas movimentações.
Um dos objetivos da expedição seria parte da expedição da JAMSTEC, chamada Busca pelos Limites da Vida, procurando os chamados ambientes quimiossintéticos, com base em micro-organismos que sobrevivem totalmente isolados da luz solar. As descobertas dos norte-americanos já comprovaram que existem dezenas de micro-organismos que se alimentam de petróleo e gás que vazam de reservas profundas, eliminando inclusive derramamentos que provocam poluições. Suas concentrações seriam indícios de potenciais petrolíferos na região.
Outro aspecto interessante é que esta Elevação do Rio Grande não apresenta profundidades como as regiões do pré-sal que dificultam suas explorações. Evidentemente, as pesquisas ainda são iniciais, mas suas potencialidades são elevadas.