Provável Visita da Presidente Dilma Rousseff ao Japão
25 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: 27 e 28 de junho, anúncio no jornal econômico japonês Nikkei, desenvolvimento das pesquisas em águas profundas, primeira visita oficial desde janeiro de 2011, sistema de trem rápido
De forma surpreendente, o jornal econômico Nikkei na sua edição matinal deste sábado, 25 de maio, anunciou a provável visita oficial da presidente Dilma Rousseff ao Japão. Ela deverá manter conversações com o primeiro-ministro Shinzo Abe nos dias 27 de 28 de junho próximo. Seria a primeira visita ao Japão depois que assumiu a Presidência da República em janeiro de 2011.
Os dois líderes deverão discutir sobre o desenvolvimento das áreas de petróleo no mar profundo, segundo a notícia, bem como o primeiro sistema brasileiro de trem rápido. Do ponto de vista diplomático, é uma visita inusitada, pois antecede a do chefe do governo japonês ao Brasil.
Presidente Dilma Rousseff. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Esta visita poderá ser de grande importância, pois o atual governo japonês vem concedendo elevada prioridade para projetos em países emergentes, notadamente na Ásia, como vem fazendo na Índia e no Vietnã, com financiamentos concessionais, com juros baixos e prazos longos, contando com o apoio dos grandes grupos privados daquele país.
O Japão vem efetuando pesados investimentos para garantir o fornecimento de petróleo e gás de muitos países do mundo, e vem anunciando a intenção de construir uma grande plataforma para dar apoio a diversos importantes trabalhos nas regiões do pré-sal. Seria uma grande base onde os que trabalham nestas áreas possam repousar, sem terem que voltar até o litoral.
Também centralizaria os petróleos e gás que seriam coletados nos diversos poços que se encontram em produção, bem como outros novos que seriam explorados, que poderão ser concentrados para transporte para o litoral em navios de maior porte.
Os diversos grupos japoneses estiveram discutindo com muitas autoridades brasileiras sobre os projetos de trem rápido, como o que ligaria Campinas, São Paulo ao Rio de Janeiro. Eles possuem uma longa experiência com os conhecidos Shinkansen, que cruzam praticamente todo o Japão, nas condições topográficas variadas.
Também vem fornecendo tecnologias para projetos no exterior, como em Taiwan, além de disputar projetos semelhantes em outros países emergentes, notadamente no Sudeste Asiático.
O sistema japonês conta com uma performance invejável, e por muitas décadas de operação não registrou nenhum acidente grave. Como os trens japoneses contam com sistemas de tração em todos os seus vagões, acabam se adaptando para topografias que podem mudar no trajeto, com menos vagões nas áreas mais acidentadas, e podendo ser decomposto em várias unidades nos diversos traçados.
O Brasil vem propondo absorver estas tecnologias, esperando que parte da produção possa ser feita no Brasil. Na construção pesada conta com grandes grupos privados capacitados. As operações destes sistemas costumam permitir uma forte valorização das áreas próximas, inclusive com bons aproveitamentos dos espaços disponíveis nas estações.
Esta visita poderá marcar uma nova e importante fase da cooperação nipo-brasileira, que não tem faltado ao longo do tempo, inclusive em períodos difíceis para a economia de ambos os países. Além da imigração japonesa no começo do século XX, o Brasil se tornou um grande fornecedor de minérios para a siderurgia japonesa, construindo em conjunto o mais formidável sistema logístico para transportes eficientes para grandes distâncias.
Ajudou a desenvolver a exploração do minério da região de Minas Gerais, escoando a sua produção pelo porto de Tubarão. Quando o Brasil iniciou a produção de Carajás, o Japão estabeleceu acordos de fornecimento de longo prazo, para permitir o financiamento de todo o sistema, escoando a produção pelo porto de Itaqui.
O Japão ajudou na consolidação da exploração agrícola dos cerrados brasileiros, inclusive nas pesquisas de variedades adaptadas para as regiões de características diferentes, e agora trabalha em projetos tripartites nos países africanos.
Com financiamentos concessionais o Japão contribuiu para o saneamento do rio Tietê e continua contribuindo para projetos desta natureza no litoral santista.
Quando o Brasil enfrentou os problemas de financiamentos internacionais, depois das crises petrolíferas e de dívida externa, o Japão sempre ajudou no seu melhor equacionamento, utilizando a rede bancária que possuíam no mundo.
O Japão aceitou trabalhadores brasileiros, descendentes de imigrantes japoneses, que receberam vistos especiais de trabalho temporário, que continuam sendo renovados. Existe ainda hoje uma grande comunidade de brasileiros e seus descendentes trabalhando no Japão.
Todos estes e outros trabalhos conjuntos, inclusive com estudos que estão feitos pelos brasileiros no Japão, mais que justificam a viagem que poderá consolidar o longo período de cooperação bilateral, que também permite um trabalho coordenado no campo internacional, como nos trabalhos de facilitar o comércio internacional e a sustentabilidade do planeta.