Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Economist e a Economia da América Latina

26 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a Aliança do Pacífico formado pelo Chile, Colômbia, contraponto ao Mercosul, México e Peru, posição além do comércio internacional

A importante revista The Economist reporta que houve uma reunião em Cali, na Colômbia, na qual estiveram presentes também os presidentes do Chile, do México e Peru, como membros fundadores da Aliança do Pacífico, suprimindo as tarifas de 90% do comércio entre eles de suas mercadorias. Também estabeleceram um prazo de sete anos para a eliminação das tarifas dos 10% restantes. Retirou a necessidade de visto para seus cidadãos, visando criar rapidamente um mercado comum. Segundo a revista, outros países como o Panamá e Costa Rica já revelaram o interesse de participar deste bloco, e o Canadá e a Espanha vão participar da reunião como observadores. Isto contrasta com o Mercosul, formado inicialmente pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, que já inclui a Venezuela, que segundo a revista contam com governos de tendências esquerdistas, e que se encontra sem um ritmo de desenvolvimento desejável.

Os participantes da Aliança do Pacífico procuram adotar uma atitude que saia somente da retórica, fazendo com que o comércio entre os participantes tenha mais expressão, como o que acontece na União Europeia e na Ásia. O setor privado teria importância no bloco e criaram uma bolsa de valores em comum. Procuram regras de uniformização como as rotulagens bem como de origens dos seus produtos. Assim, se contraporiam à orientação brasileira que procura destravar a OMC – Organização Mundial do Comércio, dos impasses como o da rodada Doha. A revista entende que este esforço está se esvaziando, mesmo com a eleição do brasileiro Roberto Azevêdo para o seu comando.

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Mapa da América Central e do Sul publicado no The Economist

Tudo indica que deve haver um pragmatismo para participar de acordos regionais de livre comércio ou parcerias entre países, pois isto está se tornando uma realidade que se generaliza. Ainda que entendimentos globais sejam desejáveis, há que se reconhecer que seus avanços continuam enfrentando grandes dificuldades.

Também não parece possível acreditar que estes acordos resolvem todos os problemas. A crise atual da Comunidade Europeia está mostrando que os países mais desenvolvidos acabam se beneficiando, nem sempre resolvendo todos os problemas dos menos avançados, sendo difícil estabelecer um mecanismo de compensação. Existem problemas como os cambiais, e a moeda única tentada com o euro demonstra quanto é difícil acomodarem-se situações locais diferenciadas, sem que as regras sejam gerais e para todos.

A revista The Economist tem uma posição ideológica definida, e tende a continuar adotando diferenciações como de esquerda e direita, quando muitas situações concretas não permitem mais uma clara definição do que compreendem. Dinamicamente, muitos países vêm se adaptando e mudanças no tempo continuam ocorrendo. Não se pode considerar a China como a mesma antes e depois das medidas adotadas pelo Deng Xiaoping, com a intensificação do uso do mercado e ampliação do espaço do setor privado naquele país.

De qualquer forma, as posições do The Economist devem ser respeitadas, pois apontam muitos problemas que necessitam ser enfrentados. A íntegra de sua matéria, em inglês, pode ser obtida na revista por aqueles que desejam se aprofundar no assunto, ou pela Google entrando com Latin America geoeconomics: A continental divide.