Washington Post e as Mudanças na China
11 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: assuntos que não estão sendo discutidos, liberalização dos fluxos financeiros internacionais, mudanças importantes na China
Com tantas mudanças que estão sendo introduzidos na China depois que houve recentemente a troca de suas lideranças políticas, nem todos estão sendo capazes de acompanhar as mais importantes para o mundo. Neil Irwin, do The Washington Post, chama a atenção para as decisões do poderoso Conselho de Estado da China que resolveu abrir as suas fronteiras para o livre fluxo de capital, tanto para dentro daquele país como para o exterior. As atenções, segundo o autor, estão concentradas nas reformas e a mudança da estratégia de dependência do mercado exportador para o mercado interno, mas não se está dando a importância devida destas liberalizações nos fluxos de capital.
Além de permitir que empresas estrangeiras introduzam recursos financeiros na China para ampliarem suas atividades que já eram expressivas, agora elas podem movimentar livremente estes recursos não dependendo da autorização prévia das autoridades chinesas. O mesmo acontece com os recursos que estão na China e podem agora ser transferidos livremente para o exterior, mostrando que a China pretende ter um papel mais importante do que já tem na economia mundial.
Pudong, principal centro financeiro de Xangai. Bolsa de valores de Londres. Wall Street, Nova Iorque
A pergunta que o autor está fazendo é se Xangai terá a importância equivalente a Nova Iorque e Londres como centros financeiros internacionais. Na realidade, a integração econômica e financeira da China no resto do mundo já é reconhecida, mas suas atividades financeiras ainda são restritas, ainda que os bancos chineses estejam ampliando as suas atividades no exterior, inclusive no Brasil.
O que parece, segundo o autor, é que as autoridades chinesas, além da tarefa de darem prioridade estratégica para a expansão do seu mercado interno, corrigindo distorções como a má distribuição de renda e presença de estatais pesadas e pouco eficientes, parecem pensar no papel da China no mundo, de forma completa.
Como a população chinesa já tem uma presença mundial elevada, tanto nos Estados Unidos, na Europa como em países que ampliam a sua importância no mundo, como a Austrália, o Canadá e os países emergentes, ela já promovia um intenso intercâmbio inclusive financeiro. Mas ainda a China não é importante como centro financeiro para o resto do ao mundo e suas empresas e bancos.
Tudo indica que agora pretendem que, além dos recursos financeiros dos governos, bancos e das empresas, o próprio público possa livremente atuar nos mercados internacionais. O autor chama a atenção que isto tem as suas vantagens, mas também as desvantagens de trazer para o interior da China as fortes flutuações econômicas, que não mais rápidas no setor financeiro. O que se pode imaginar é que mesmo liberalizando, as autoridades chinesas continuarão atentas, acabando por atuar nos seus bastidores, como as flutuações chamadas sujas que ocorrem no resto do mundo.
Evidentemente, isto deverá aumentar a importância do yuan, a moeda chinesa no mundo, que ainda não corresponde à importância econômica na economia global. É difícil saber qual o limite para tanto, mas que se trata de uma decisão importante, não se pode duvidar.