A Situação das Siderurgias no Mundo
21 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a expansão dos tubos nos Estados Unidos, o desaquecimento chinês e suas consequências, os problemas para os brasileiros
A indústria siderúrgica continua sendo um dos pilares de qualquer econômica, tanto que os Estados Unidos sempre o ligou com a sua independência militar, além dos alimentos e de suprimento de energia, como o tripé que assegura o seu poderio. A China, que desenvolveu a maior capacidade siderúrgica do mundo, com o seu consumo de minério acabou beneficiando o Brasil e outros fornecedores. Conta com a Wuhan Iron & Steel e seus oito alto- fornos, que impressiona a todos mesmo considerando as dimensões chinesas, sendo hoje o sexto maior grupo do mundo no setor como empresa, ao lado de outras gigantes chinesas. Com a desaceleração do crescimento da economia chinesa, ela que mais cresceu nos últimos cinco anos, está já com 20% de capacidade ociosa, tanto pela queda do consumo do aço nos Estados Unidos como na China, segundo artigo publicado no Financial Times.
Num outro artigo publicado pelo mesmo jornal, informa-se que nos Estados Unidos a indústria siderúrgica voltada para os tubos passa por um período excelente, pois a produção de óleo e gás do xisto está provocando uma explosão de sua demanda. A Vallourec de origem francesa está se beneficiando como outras também especializadas em tubos, que são intensamente utilizados para a exploração do xisto. Na indústria siderúrgica brasileira, sempre se contou que poderia ser prejudicada, principalmente no comércio internacional, se os chineses desacelerassem o seu crescimento econômico, tanto pela guerra de preços que provocariam com seus produtos como pela redução da demanda de minérios.
Os avanços tecnológicos do setor siderúrgico são impressionantes, pois os consumidores de produtos siderúrgicos estão ficando mais exigentes. A indústria automobilística, por exemplo, necessita de chapas de aços mais leves e resistentes, que ajudem a economizar o combustível necessário. A indústria de construção pesada necessita de estruturas resistentes e leves, que resistam até aos mais violentos terremotos. A concorrência com os novos materiais que estão sendo utilizados nos mais variados setores exigem custos mais baixos.
Na atual siderurgia mundial, mais de 70% já conta com fusões diretas dos minérios com a utilização do gás barato, mudando dos tradicionais altos-fornos que utilizavam o carvão mineral, mais poluente cujos controles implicam em mais investimentos. No Brasil, ainda se fala de usinas novas como a que está sendo montada em Pacém junto com os coreanos, numa zona especial de exportação, mas as tecnologias parecem defasadas.
As outras indústrias também não possuem tecnologias novas e precisam competir com as mais antigas. A Usiminas conta com a Nippon Steel que se fundiu com a Sumitomo para poder fornecer chapas modernas para as montadoras de veículos. Mas ainda não se conta com unidades de fusão direta com o uso do gás, cujos custos são elevados no Brasil.
Os impactos desta situação abalam mineradoras gigantescas, como a Vale, que necessitam competir no mercado internacional. Parte do minério já é transformada em pellets, mas também exigem energia e alguns acabam sendo processados no Oriente Médio, depois dos minérios serem transportados até lá.
Parece que com a crescente produção de gás no Brasil, e os potenciais na região Amazônica, inclusive o offshore, podem proporcionar uma melhoria da competitividade com preços mais baixos, o que exigiria uma adaptação da política da Petrobras. As situações estão sendo críticas, obrigando que estes programas sejam acelerados, pois a economia brasileira continua necessitando se manter competitiva, para gerar as divisas indispensáveis para o seu desenvolvimento.