Efeitos da Economia Sobre os Dirigentes Políticos
10 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a pesquisa de opinião da Datafolha, as diferenças dos impactos sobre os diversos segmentos da população, comparação com outros países, o tempo até as eleições
Todos os políticos sabem que a situação econômica, principalmente como ela impacta sobre a população nos seus diferentes segmentos, é fundamental para os seus prestígios, ainda que muitas justificativas possam ser apresentadas sobre suas causas. Nenhum país pode afirmar hoje que sua situação econômica seria a desejável, pois a economia globalizada afeta a todos, mais profundamente em alguns países, menos severamente em outros. A pesquisa efetuada regularmente sobre a opinião da população brasileira, considerada pelos especialistas como das mais confiáveis, mostra que a popularidade de Dilma Rousseff sofreu neste princípio de junho a primeira queda significativa, ainda que se mantenha elevada e invejável quando comparada com de outros dirigentes em muitos países mundo afora. Decorreria da queda do otimismo da população, a elevação das preocupações com a inflação e a impressão que o desemprego vai aumentar, como divulgado pela matéria de capa deste domingo, 9 de junho, pela Folha de S.Paulo. Estes dados deverão ser explorados nas suas repercussões nos próximos dias no Brasil, alimentando as esperanças dos oposicionistas e preocupando os situacionistas.
Ainda que o governo tenha se mostrado sensível à piora recente do quadro econômico, procurando estimular alguns investimentos, acelerar as licitações de concessões na infraestrutura, o fato concreto é que o quadro geral é percebido como de piora. E as críticas que vinham sendo feitas de gestões deficientes, além de interesses contrariados em diversos segmentos, estão encontrando farto espaço na mídia que acaba influenciando a população. Mesmo com um ligeiro arrefecimento da pressão inflacionária, e algumas notícias positivas em determinados setores, muitos entendem que seus resultados deverão demorar, não seriam suficientes para sustentar a economia e haveria uma falta de um quadro mais claro no seu conjunto.
Presidente Dilma Rousseff
Uma parcela da pressão inflacionária seria devida às frustrações de algumas safras de produtos agrícolas, que já voltaram quase à sua normalidade. Mas os consumidores que vão aos supermercados se queixam de uma elevação generalizada de preços. Os empresários se queixam que os salários estão elevados, e o quadro geral não é estimulador. O próprio Banco Central elevou a taxa de juros Selic reconhecendo que a resistência da inflação é mais sólida do que era imaginada.
Mesmo que os dados do desemprego sejam considerados invejáveis quando comparados com muitos outros países, a população sente que o quadro deverá piorar no futuro próximo. Dos aspectos pesquisados, estes parecem ser os que acabam mais influenciando mais no sentimento da piora do quadro econômico geral no futuro próximo. Muitos ainda comparam o Brasil com outros pequenos vizinhos latino-americanos, não se dando conta que está se comparando com bases muito baixas. Sempre é mais fácil ter uma elevada taxa de crescimento mesmo num país como a China do que em países já desenvolvidos como os Estados Unidos. Certamente, quando os chineses tiverem o mesmo nível de renda dos norte-americanos será muito difícil manter crescimentos mais elevados.
Mas as percepções populares não costumam ser iguais as dos especialistas, sendo que mesmo entre estes muitos criticam o governo, pensando que poderia haver uma política mais adequada. O mesmo parece acontecer com a chamada elite empresarial, muito ligada ao setor financeiro e outros rendimentos de capital, que estão sendo prejudicados e possuem um elevado poder de vocalização.
Estes processos são difíceis de serem revertidos, e as esperanças dos opositores é que o quadro continuará se deteriorando até as próximas eleições, ainda que no momento a presidente Dilma Rousseff conseguisse hoje a reeleição no primeiro turno. O que aparenta é que os demais cogitados como candidatos não são tão conhecidos como ela e também não contam com programas que tenham a capacidade de entusiasmar as camadas mais populares da população.
Todo este processo é muito complexo e haverá ainda muitos fatos que deverão evoluir até a próxima eleição, mesmo que o quadro econômico tenha a sua importância, e também o gerenciamento do cenário político também não seja considerado dos melhores.