Imprensa de Qualidade Que Impressiona
15 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: destoando da superficialidade, mecanismo para se manterem, padrão internacional da melhor qualidade, público especializado
Parece-nos que, quando não temos a capacidade de comparar o que temos no Brasil com o que se dispõe com a melhor qualidade da imprensa internacional, o nosso julgamento pode ser considerado banal. O fato concreto é que subexiste no mundo, com todas as dificuldades diante do contexto crescente de uma grande massa de uma imprensa que se preocupa com notícias rápidas e curtas, um grupo limitado de meios que permitem uma compreensão mais profunda dos contextos onde acontecem os fatos noticiados ou analisados. É possível que muitos entendam estas minhas interpretações como a de um apreciador extremado do jornal Valor Econômico brasileiro. Um jornal que, num tempo relativamente curto de sua história, atingiu um padrão de amadurecimento comparável com o que se dispõe dentre os melhores no mundo. Refiro-me ao que acontece no padrão comparável com o The Economist, The Wall Street Journal, The New York Times, The Washington Post, Financial Times, Nihon Keizai Shimbun, The New Yorker e poucos outros veículos com influência mundial. Com os quais não há necessidade de se concordar nas suas opiniões, mas que devem ser respeitadas mesmo com suas ideologias definidas.
É comum estes veículos contarem com suplementos de fins de semana quando não são semanais ou mensais, que reúnem matérias que não se restringem ao mundo econômico, mas permitem extrair uma visão mais humanística, com facetas filosóficas e ideológicas, políticas, sociológicas, antropológicas, históricas e geográficas tentando captar as complexidades do que ocorre hoje com a humanidade. Eles encontraram alguns mecanismos que lhes permitem a sobrevivência econômico-financeira, cobrando por suas notícias ou adotando manobras hábeis mesmo quando transmitidos eletronicamente até longínquos locais como o Brasil que ainda é periférico ao mundo considerado desenvolvido.
Episódio Reinhart-Rogoff citado por Paul Krugman (Foto: Valor Econômico)
O artigo que considero mais importante neste suplemento Eu & Fim de Semana é uma versão em português da matéria de autoria do Prêmio Nobel Paul Krugman, que foi originalmente publicado no New York Review of Books, que tenta explicar como a defesa da política de austeridade se desfez. A lide ressalta que o episódio Reinhart-Rogoff esclarece, mas não garante que políticas estejam livres do uso desvirtuado do saber, que pode ser a discussão recente mais relevante sobre os efeitos de estudos acadêmicos que contiveram algumas falhas, que colocaram em dúvida a importância da austeridade para resolver os problemas que estão sendo enfrentados por muitos países para a superação das dificuldades atuais.
A austeridade sempre foi recomendada pelo FMI – Fundo Monetário Internacional, que tinha um apego às políticas mais ortodoxas mesmo para resolver problemas de economias emergentes. O Brasil e a Coreia do Sul contrariaram esta orientação do FMI e conseguiram resultados melhores no passado, principalmente porque contavam com recursos que estavam ociosos e que poderiam ser aproveitados para o aumento de suas produções.
Hoje, debate-se entre os partidários dos que o artigo chamou de austerianos que parecem estar se curvando à dura realidade com variações dos assemelhados aos neokeynesianos, que procuram estimular as economias de diversos países, com ainda duvidosas políticas como as de easy monetary policy, que tendem a provocar fortes desvalorizações de moedas como o dólar e o yen, dando competitividade aos seus produtos, provocando verdadeiras guerras fiscais, do qual procuram se defender alguns países emergentes como o Brasil e a Coreia do Sul.
Mas também são tratados assuntos que procuram esclarecer o processo de escolha dos importantes ministros do Supremo Tribunal Federal, que reuniram algumas personalidades que se mostram independentes daqueles que os indicaram, com aperfeiçoamentos que ainda necessitam ser consolidados, pelas notórias fragilidades e parcialidades de alguns deles.
Também são abordados assuntos culturais de importância que ajudam a compreender a diversidade do que vem acontecendo neste campo, tanto com uma perspectiva de longo prazo, como aqueles que procuram estar na vanguarda das evoluções, com temas em voga. Todos estes assuntos são necessariamente polêmicos, mas apresentam muitas facetas que necessitam ser consideradas, como outras que são abordadas em notas mais rápidas.
Já ressaltei que o Valor Econômico encontrou mecanismos importantes para manter suas receitas com a geração de suplementos especiais relacionados com os seminários que ajudam a promover, bem como os aumentos das publicações de demonstrativos contábeis de importantes empresas, pois todos reconhecem as dificuldades para se sustentar uma equipe de qualidade.
Mas chama especial atenção cuidar num suplemento de assuntos como as melhorias estratégicas dos recursos humanos com a educação continuada que vem sendo adotadas por muitas empresas. Tantos são os estabelecimentos de ensino que estão engajados nestes processos, inclusive com conexões internacionais relevantes para o processo de globalização que continua se acelerando, proporcionando anúncios variados.
A equipe comandada hoje pela eficiente Vera Brandimarte merece os efusivos cumprimentos de todos que procuram um pouco mais de profundidade nas matérias jornalísticas disponíveis no Brasil para a formação de suas próprias ideias, confrontadas com muitos outros que apresentam sempre facetas que necessitam ser consideradas.