Melhoria na Mobilidade Urbana no Brasil
24 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: alternativas disponíveis, fonte de recursos, melhoria da mobilidade urbana no Brasil
As manifestações populares estão indicando que o problema dos transportes nos grandes centros urbanos brasileiros é uma questão prioritária. Mas poucos estão apresentando suas sugestões para uma melhoria racional dos meios disponíveis para a sua melhoria. O suplemento Mobilidade Urbana do jornal Valor Econômico se mostra oportuno para uma discussão do que pode ser feito, tanto em termos de metrô, subterrâneos e elevados, aproveitamento das linhas férreas urbanas já existentes, bem como as demais alternativas disponíveis, experimentadas em muitos lugares do mundo, que estão atrasadas no Brasil.
Na ânsia de manter o nível de emprego nos últimos anos, acabou-se estimulando a indústria automobilística, com a redução de tributos para os veículos. É uma cadeia que provoca diversos impactos entre os seus muitos fornecedores, e os créditos aumentaram rapidamente os veículos nos centros urbanos, infelizmente muitos de uso individual. Os transportes coletivos que deveriam ser mais importantes acabaram ficando com organizações que sempre contribuíram para as campanhas eleitorais, diante dos muitos pagamentos em dinheiro, que são difíceis de serem controlados. Para que o seu trânsito fosse mais rápido, poucas vias foram reservadas, começando com os projetos em Curitiba.
A experiência vem mostrando que cada cidade conta com algumas formas que aproveitam melhor o que já existe, de forma a baratear os custos dos investimentos necessários. Em muitos, os trens suburbanos já eram importantes e seus leitos podem ser transformados em metrôs de superfície como já estão sendo feitos, inclusive em São Paulo. Na medida em que eles fiquem interligados aos demais meios de transportes coletivos, representam, com as tecnologias hoje disponíveis, soluções adequadas para parte deste tipo de transporte de massas.
A experiência internacional vem demonstrando que em muitos locais os metrôs elevados acabam sendo de construção mais rápida com custos relativamente baixos, mostrando-se eficientes. Em muitas cidades, os antigos leitos de alguns rios estão sendo aproveitados, o que poderiam ser intensificados. Mesmo nas ligações com os aeroportos, as propostas como da cidade de São Paulo e do Estado, mostram-se extremamente interessantes, devendo permitir apreciáveis massas de deslocamentos, sem que estejam sujeitos aos congestionamentos.
Metrópoles como São Paulo precisam privilegiar os transportes coletivos, como os feitos pelos ônibus com faixas ou avenidas exclusivas para o seu trânsito mais rápido. Os que utilizam veículos individuais devem arcar com custos adicionais, principalmente quando utilizam infraestruturas que custaram muito para os contribuintes. Os sistemas eletrônicos disponíveis podem ser eficientes para tanto, com cobrança de pedágios em determinadas áreas, o que vem sendo praticado em metrópoles no exterior há muitas décadas.
Infelizmente, parte destas obras no Brasil veio sendo proposta pelos fornecedores da construção pesada ou fornecedores de equipamentos, com custos elevados quando comparados com o exterior. Hoje, existem sistemas público-privados onde eles, participando das operações dos sistemas, acabam com interesse em reduzir ao máximo os investimentos para contar com os retornos mais elevados sobre os recursos aplicados.
Numa cidade acidentada como São Paulo, onde dois grandes vales do rio Tietê e do rio Pinheiros constituem-se em eixos básicos de transportes chamados como marginais, há necessidade de transportes atravessando os espigões, principalmente das avenidas Paulista-Domingos de Morais-Jabaquara e outro das avenidas Doutor Arnaldo-Heitor Penteado-Cerro Corá. Com as tecnologias hoje disponíveis do tipo chamado popularmente de “tatuzão”, os custos das construções de túneis acabam sendo mais baixos que de avenidas que implicam em pesadas desapropriações. Ajudaria a melhorar sensivelmente a mobilização urbana, como acontece em outras metrópoles semelhantes Brasil afora.
Existem, portanto, meios para estes aperfeiçoamentos atendendo as demandas populares, sem grandes dificuldades políticas, com maior racionalidade, incorporando novas tecnologias que proporcionam uma eficiência maior na mobilidade urbana.