O Hibisco Utilizado Como Substituto do Umeboshi
13 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias, webtown | Tags: adaptações dos imigrantes japoneses, hibisco como substituto do umeboshi, matéria no suplemento Paladar do Estadão
Os competentes editores do suplemento Paladar do jornal O Estado de S.Paulo procuram sempre matérias interessantes para seus artigos. Os imigrantes japoneses não podiam importar o umeboshi, uma conserva de um tipo especial de ameixa, normalmente bastante azedo e salgado com grandes variedades de qualidade, durante o período anterior e durante a Segunda Guerra Mundial. Utilizaram o hibisco, vinagrisco ou hibisqueira, principalmente o seu fruto como substituto, que era utilizado com o arroz branco, muitas vezes regado com chá verde. Era uma espécie de canja muito recomendada para os que estavam com resfriado ou gripe, com o que se dispunha no meio rural.
Muitas adaptações desta natureza foram efetuadas. Existia uma conserva chamada narazuke, que utilizava um tipo especial de legume, transformado em conserva com o missô e o sakekasu, ou seja, o resto do arroz fermentado para a produção do sakê. Como não se dispunha deste legume, os imigrantes utilizavam casca de melancia ou de melão, que proporcionavam efeitos semelhantes. Atualmente, o chef Shin Koike vem utilizando uma conserva produzida do chuchu curtido com um molho que utiliza a cachaça, que está fazendo um sucesso, inclusive com os expatriados japoneses.
Flor e fruto Hibisco
O que vem acontecendo mundialmente é que está se procurando alimentos saudáveis de baixo custo. Os alimentos no Brasil, principalmente nos restaurantes ou no que os técnicos chamam de fora de casa, estão absurdamente elevados em termos internacionais, podendo se fazer um grande jantar em Nova Iorque a um preço de cerca de um terço dos melhores restaurantes de São Paulo.
Mas também se procuram alternativas saudáveis como nas redes Pret à Manger e no Forty Carrots para reduzir o consumo dos tipos de hambúrguer como os vendidos pela rede Mc Donald, que procura se adaptar também fornecendo alimentos mais saudáveis, evitando-se o consumo de refrigerantes calóricos.
Quando os restaurantes de luxo de todo o mundo estão sendo afetados pela crise econômica que atinge a todos, estabelecimentos que oferecem produtos criativos de baixo custo estão se multiplicando por toda a parte. Em São Paulo, por exemplo, o Mocotó faz um grande sucesso, exigindo que os clientes cheguem ao estabelecimento uma hora antes da sua abertura, principalmente no fim de semana, ainda que se localize no distante bairro de Vila Medeiros. A qualidade com preço baixo são as chaves dos sucessos. Mais próximo do centro da capital paulista, o restaurante Cosí oferece um almoço executivo, sempre criativo a um custo bem abaixo de similares da região.
Mesmo nos bairros mais boêmios, como a Vila Madalena, o Pasquale oferece opções que permitem fazer uma refeição com um custo modesto. Este tipo de movimento está se tornando universal, e no Japão redes que servem udon ou sobá, um macarrão japonês ou o feito com trigo sarraceno, oferece pratos com baixíssimos custos, com o que acontece no Aska, no bairro da Liberdade em São Paulo.
Também se multiplicam redes que aproveitam raspas de carne junto aos ossos, que são considerados os mais saborosos, porém menos valorizados, para serem preparados e servidos junto com o arroz, como também já se apresenta no bairro da Liberdade, ainda que sua qualidade seja discutível.
Pelo mundo multiplicam-se os famosos dim sun chineses com variadas qualidades e ingredientes, permitindo refeições rápidas com baixos custos. Em Nova Iorque se multiplicam carrinhos que servem variados pratos árabes, sendo que até os famosos cachorros-quentes estão sendo substituídos, com alguns contando com filas de consumidores, principalmente nos que são considerados fornecedores de produtos de melhor qualidade.
Enfim, a crise econômica obriga a criatividade e a redução dos custos, e, desde que sejam acompanhadas de alimentos saudáveis, todas estas evoluções devem ser aplaudidas.