O Problema do Estádio do Pacaembu
15 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: assunto mereceu um editorial do Estadão, evolução inevitável, o sistemático descumprimento, os problemas das áreas tombadas, situações de fato
O prefeito Fernando Haddad anunciou que frente aos investimentos que seriam necessários para a preservação e o bom aproveitamento do Estádio Municipal do Pacaembu, hoje denominado Paulo Machado de Carvalho, optaria pela sua concessão ao setor privado por um longo prazo. Mas observam-se reações como a que está expressa no editorial do Estadão do dia 14 de junho, cujos controladores residem no bairro, que lutam pela sua manutenção como no passado. Na realidade, quando ele foi construído como parte do projeto urbanístico da região, São Paulo era bem diferente do que é atualmente. O tombamento de todo o bairro não está sendo obedecido, e praças como Charles Miller sofreram profundas modificações nos seus imóveis, com muitas agências bancárias operando no que antes eram residências. A FAAP – Fundação Armando Penteado também fez alterações e pretendia estender suas construções por toda uma quadra de forma organizada, no que foi impedida por movimentos que pretendem ser conservacionistas do antigo bairro, na forma que foi projetada pela Companhia City.
Isto não acontece somente no Pacaembu, mas em muitas outras áreas que foram construídas por empresários brasileiros com a ativa colaboração inglesa. Os famosos Jardins, onde São Paulo conta com boas áreas verdes e residências que não deram espaço para um exagero de edificações de prédios, deveriam ser preservados. Mas os tombamentos foram efetuados, em grande parte, somente por alguns, sem uma ampla consulta à comunidade, que não se sente solidária com algumas preservações que nem fazem sentido, diante da dura realidade que já se impôs à cidade por muito tempo.
Estádio Municipal do Pacaembu em 1939 e em foto recente
Parece que seria conveniente que regras adequadas fossem estabelecidas para a licitação da privatização da operação do estádio, mediante consultas à comunidade. É compreensível que a administração pública não deve arcar com pesados encargos, pois a sua simples preservação não permite tirar melhor proveito do que já é feito precariamente hoje. Sua melhor exploração vai implicar em utilizações mais intensivas, que, se não controladas, poderão gerar inconveniências a todos os moradores da região.
Nem sempre as regras atuais de tombamento são totalmente racionais. Muitas árvores que estão atacadas de cupins, por exemplo, não podem sequer serem podadas ou substituídas por sadias. Eu mesmo, quando efetuei uma poda adequada num pinheiro de muitas décadas, fui acusado de estar matando o mesmo, num dos imóveis que foi aperfeiçoado para preservar as características originais, que não eram perfeitas, e tinham sido alteradas. Lamentavelmente, muitas melhorias que deveriam ser introduzidas acabam sendo proibidas, pois não existe um organismo que permita julgar adequadamente o que pode ser feito e o que deve ser evitado.
Tudo indica que o Pacaembu necessita acompanhar a evolução da cidade, preservando ao máximo que ela tem de positivo. O complexo representado pelo estádio merece uma utilização mais intensiva, pois é um patrimônio público que não pode ficar restrito a um número limitado de privilegiados.
Parece que isto seja possível, ouvindo-se a comunidade, mas reconhecendo que a cidade como um todo dispõe de poucos equipamentos públicos para diversas finalidades de atendimento das necessidades da população, tanto do ponto de vista atlético como cultural. Com um mínimo de entendimento, parece possível conseguir-se atender ao máximo as considerações dos diversos segmentos envolvidos.