Os Suplementos do Valor Econômico
14 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: análises de qualidade, combinações com seminários, suplementos sobre a soja e a sustentabilidade
Já postamos neste site que o Valor Econômico encontrou um mecanismo interessante, combinando seu setor de promoção de seminários com a publicação de suplementos especiais. Isto acaba dando qualidade para os artigos, ao mesmo tempo em que os suplementos recebem patrocinadores e se voltam especificamente para determinados segmentos interessados num assunto. Enquanto muitos jornais encontram dificuldades para o seu custeio, com a manutenção de ume equipe de jornalistas especializados, os seminários acabam fornecendo importantes subsídios de especialistas, que são publicados nestes suplementos.
Hoje, dois importantes suplementos decorrentes deste processo cobrem a área do potencial da produção de soja no Brasil, e outro publica sobre o assunto da sustentabilidade que acaba sofrendo uma tendência a menor prioridade. Ainda que o problema seja grave, diante das restrições de patrocínios das empresas, que continuam preocupadas com suas imagens. Mas as atividades de produção e venda, para gerar resultados, acabam ganhando a prioridade de muitos dos seus dirigentes sobre os ecológicos.
No que se refere à soja, a colocação principal acabou sendo a do economista José Roberto Mendonça de Barros que mostrou que o Brasil apresenta ainda as melhores condições para ampliar a sua produção no futuro, comparado com outros concorrentes. Ele tem inteira razão, pois a soja que está sendo produzida desde o Rio Grande do Sul até as bordas da Amazônia, inclusive no Nordeste brasileiro, ainda tem importantes espaços para continuar aumentando a sua produção.
Basicamente, o tipo de semente que vem sendo utilizada, como as práticas agrícolas como o plantio direto, é semelhante em todo este amplo território. O que pode e deve ocorrer, com o auxílio da pesquisa, é que variedades diferenciadas e mais ajustadas às condições regionais ainda sejam desenvolvidas.
Todos sabem que existem deficiências gritantes na logística para o seu escoamento, tanto para o mercado interno, mas principalmente para o externo. As providências que estão sendo tomadas devem melhorar estas condições, tanto em termos de silagem, estradas como portos. Tudo isto aumenta a eficiência da soja brasileira que contará com custos mais baixos do que os hoje enfrentados.
As sementes transgênicas estão sendo aceitas em todo o mundo, e a sua produtividade é mais elevada, considerando as maiores resistências às pragas. Os avanços tecnológicos fazem com que seus efeitos se restrinjam às folhas e caules, sem atingir os grãos, e eliminam parte importante das restrições que eram apresentadas por muitos consumidores.
O que se espera é que aumente a industrialização parcial destes grãos no Brasil, que passaria a exportar com maior valor agregado. Os países importadores contam com capacidade de esmagamento, que desejam utilizar, mas o Brasil tende a ser exportador de óleos prontos como de farelos e rações que já contam os ingredientes de parte das sojas.
O governo poderia engajar-se numa campanha para que o valor agregado na economia brasileira seja mais elevado, utilizando toda a sua capacidade de competição. Na realidade, o país já está se impondo com a exportação de frangos e suínos, que consomem estas rações, criando importantes empregos no Brasil e aumento a renda que é deixada neste país.
No que se refere à sustentabilidade, o trabalho mais importante acaba sendo o do CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável, presidido pela Marina Grossi. Muitas empresas estão entendendo que a continuidade de suas atividades depende de investimentos ecológicos, que são considerados estratégicos.
Não se trata de custos adicionais, mas a garantia da continuidade de suas atividades, pois também a consciência da população sobre a sua necessidade vem aumentando.
Evidentemente, trata-se de uma visão de longo prazo, com metas até 2050, mas o Brasil com suas florestas e todas as condições ecológicas é de importância fundamental no mundo. Ainda que existam resistências externas com compromissos com metas específicas, acabamos num mundo que não mais suporta desperdícios e danos ecológicos.
Muitas medidas ecológicas devem resultar no aproveitamento integral de toda a biodiversidade disponível no país, e a floresta deverá ser mais rentável em pé do que derrubada. Algumas reciclagens estão avançando, havendo que se atingir tudo que ainda está sendo transformado em lixo. As tecnologias para tanto se tornam cada vez mais disponíveis.
As cooperativas dos recursos humanos que promovem a seleção dos materiais recicláveis não precisam ser tão degradantes como apresentadas em muitas fotos e gravações. Os equipamentos disponíveis devem aumentar sua produtividade, sem que os seres humanos fiquem sujeitos a potenciais contaminações.
O que se torna indispensável e que todo o conjunto de esforços sejam organizado, sistematizados, para que as licenças ambientais sejam rapidamente concedidas, sem se prejudicar os investimentos com posteriores alegações de irregularidades.
Muito do que já é feito no exterior pode ser incorporado, como muito do que já é feito no Brasil pode ser oferecido no exterior. Precisamos deixar de ser o país do desperdício, pois estes recursos podem ajudar a financiar novos investimentos e empregos.