A Câmara de Comércio Brasileira no Japão
19 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: boletim da Câmara de Comércio, destaque da carne suína brasileira no Japão, esforços para aumento do intercâmbio bilateral, intensas atividades | 4 Comentários »
O boletim deste mês de julho da Câmara de Comércio Brasileira no Japão permite uma boa avaliação das atividades que as empresas brasileiras presentes no Japão estão desenvolvendo, bem como os intercâmbios que se fazem com as japonesas. O destaque de sua capa acabou sendo a recente abertura do mercado japonês para a carne suína brasileira, com realce para as provenientes do Estado de Santa Catarina, depois de uma grande batalha. Os japoneses já são grandes consumidores de frangos brasileiros, mas, apesar do elevado consumo da carne suína no Japão, suas autoridades resistiram para conceder as licenças para a sua importação do Brasil, ainda que o façam de outros fornecedores como a China.
O boletim é apresentado de forma bilíngue, em português e em japonês, dois idiomas pouco utilizados nos intercâmbio externos. Depois de um longo período em que Câmara contava com a colaboração de Osvaldo Kawakami, representante da Petrobras no Extremo Oriente, o seu retorno para o Brasil, para exercer as funções de gerente geral das operações daquela empresa em Santos, determinou a sua substituição por Marcos Turini, representante da Vale no Japão. Esta também é uma empresa com tradicional relacionamento com os japoneses, que continuam sendo um dos maiores importadores de minérios brasileiros.
O boletim cobre o seminário Japan-Brazil de 2013 onde os brasileiros expuseram aos empresários japoneses as oportunidades existentes para investimentos e intercâmbios. A JBIC – Japan Bank for Internacional Cooperation do Japão, junto com a FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, apresenta estudos sobre as empresas brasileiras. O embaixador Marcos Galvão destaca o aumento do interesse dos japoneses por investimentos diretos no Brasil. Apresenta-se a nova Diretoria da Câmara sob o comando de Marcos Turini. São apresentados os debates sobre as culturas empresariais em ambos os países. Discute-se como entrar no mercado brasileiro de trabalho. Discutem-se as barreiras linguísticas em ambos os países, entre outros assuntos.
A Câmara de Comércio Brasileira no Japão distingue-se bastante da Câmara Japonesa de Indústria e Comércio no Brasil, pois procura efetuar eventos que interessam às empresas de ambos os países, sendo realizados tanto em português como em japonês. A dos japoneses conta com menos participação ativa dos brasileiros, tendendo a se tornar uma instituição, por efetuar suas principais reuniões em japonês, de difícil intercâmbio bilateral, apesar de alguns esforços no mesmo sentido.
No Brasil, conta-se com poucas participações das grandes empresas do país, pelos seus dirigentes mais influentes. No Japão, os principais representantes das empresas brasileiras procuram um intercâmbio mais ativo com as japonesas que possuem interesse no Brasil.
Ainda assim, existem espaços para seus aperfeiçoamentos, fazendo com que também as grandes multinacionais ou de outros países também participem das suas atividades, como vem se promovendo na Câmara Americana que costuma contar com o revezamento de presidentes de ambas as nacionalidades.
Na realidade, o intercâmbio bilateral só será mais efetivo quando houver um ajustamento à realidade do mundo hoje globalizado, do ponto de vista econômico e comercial.
Desculpe, mas o senhor Yokota está equivocado. A Camara do Japão (av. Paulista) atraves do seu secretario Hirata san é muito mais atuante do que a Camara do Brasil (Kawakami e cia “limitada”. ) Basta ver o site camaradojapai.org.br para ver o grau de pluralidade e transparencia. seminarios, reunioes entre os seus membros para discutir questoes juridicas, economicas. A Camara do Brasil é uma panelinha de executivos de algumas empresas tipo Petrobras, Vale, BB, e Globo Internacional, Weg. Basta ver o seu site http://www.ccjb.jp , alias nem industria tem, só comercio. Sua especialidade é fazer festa e oba oba (braziliam day)
Caro João Takada,
Conheço pessoalmente por ter participado das atividades das duas Câmaras. O que fico contrariado é que nas atividades da Câmara Japonesa não contamos, infelizmente com empresários significativos das empresas brasileiras, e nas reuniões da sua diretoria que é feita em japonês, não se conta com brasileiros, a não ser eventualmente de nikkeis. Nas reuniões no Japão notei, pessoalmente, a presença de empresários japoneses relevantes nos relacionamentos com o Brasil, atividade a que venho me dedicando a cerca de 50 anos. Seria interessante que V. participasse das atividades no Japão, para constatar pessoalmente, e não somente pelas informações a longas distâncias. Acredito que o Sr. Hirata, de quem me socorro eventualmente, faz o que pode, mas diferente de outras Câmaras como a norte-americana, e outras estrangeiras da qual tenho participado, não notei até agora a presença de empresas multinacionais expressivas, no atual mundo globalizado.
Paulo Yokota
Sr. Paulo,
Sem a intenção de criar um debate, acho que o sr. Takada está com a razão quando diz que na Câmara de Comércio Brasileira no Japão é apenas agrupamento de pessoas para colocar as conversas em dia. Na época do Sr. Osvaldo Kawakami haviam até dirigentes de empreiteiras, restaurantes, jornais e serviços de acessoria fazendo parte da diretoria.
Representantes de grandes empreas brasileiras compareciam apenas eventualmente, mas sem dar muito crédito para o que acontecia nas reuniões. Empresas de grande porte não precisam dessas reuniões para tocarem à vida, pois possuem departamentos especializados em prospectar clientes e negócios.
Portanto, as reuniões da CCBJ eram apenas para alguns “empresários” trocarem figurinhas.
Um grande abraço.
Caro Nikos Magnus,
Todos possuem suas visões, que nem sempre correspondem a um mínimo de consenso. Na rotina de qualquer Câmara de Comércio existe esta tendência de se restringir a poucas pessoas, sendo mais acentuada na dos japoneses no Brasil, pois as reuniões são feitas em japonês, algumas vezes com traduções. Lamentavelmente, as grandes empresas japonesas também possuem poucos conhecimentos dos aspectos relevantes no Brasil (não confiam muito em estrangeiros) e seus erros tem sido expressivos. O que recomendo é que as Câmaras atuem como as americanas, que contam com a ampla participação de empresas de diversos países, revezando o seu comando entre representantes de ambos os países, para poderem exercer suas funções. Quando existe uma necessidade de alguns contatos mais intensos com as empresas japonesas, as autoridades brasileiras ou representantes da Petrobrás ou da Vale tem utilizado a Câmara brasileiro, o que não tem acontecido com as japonesas, que sabem as maiores limitações das Câmaras japonesas, que contam com dificuldade para se entrosarem por intermédio delas com as grandes empresas brasileiras ou autoridades. Veja, que venho trabalhando nestes assuntos há mais de 50 anos, e mesmo sabendo que não existe nada perfeito, tenho a impressão que a Japonesa apresenta maiores dificuldades, até porque os expatriados japoneses atuais possuem menor influência nas suas empresas do que os brasileiros que se encontram no Japão. Sempre existem exceções, mas houve período em que os japoneses enviados ao Brasil eram os que tinham elevadas chances de chegarem à Presidência mundial, e hoje parece que mal chegam a Gerentes Gerais. Fazemos esforços para reverter esta situação, mas as atuais tendências não são promissoras.
Paulo Yokota