Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Jornada Mundial da Juventude

28 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: a Jornada Mundial da Juventude iniciou uma mudança, evento marcante num mundo conturbado, milhões de participantes de todos os níveis, participação ampla de cerca de representantes de 180 países, presença do papa Francisco

Um evento como a Jornada Mundial da Juventude realizada nesta semana no Rio de Janeiro é daqueles que marca um ponto de inflexão na evolução do que está acontecendo no mundo. Ocorreu num momento extremamente crítico para todos, quando muitas manifestações populares expressam em vários lugares do mundo as insatisfações com o atual estado das coisas, notadamente no Brasil. Mesmo as dificuldades eventuais da sua organização e do clima ajudaram a dramatizar o evento. A presença marcante do papa Francisco com sua franca e carismática personalidade, reforçando suas mensagens diretas aos milhões de jovens de todo o mundo, com a sua elevada capacidade de comunicação e pelos seus exemplos concretos, recebeu uma recepção calorosa. O evento humano como poucas vezes foi observado em outros semelhantes, o papa pessoalmente tocou a todos profundamente e nada permanecerá mais impune depois de um impacto desta natureza. Ele enriqueceu sobremodo a Jornada Mundial da Juventude com a sua confiança nos jovens, que foi ampliada pelos meios de comunicação sociais hoje disponíveis.

O terreno estava seco para dar maior importância à chuva de novas orientações que recebeu. Eram visíveis as insatisfações não somente com os atendimentos precários das necessidades básicas da população, tanto pelos governos como também pela estrutura esclerosada da Igreja Católica que tinha se distanciado dos mais pobres. Os jovens são as esperanças das mudanças para o futuro, e o papa Francisco enfatizou a necessidade deles ficarem juntos com os mais desamparados, inclusive os pobres, doentes e idosos. Pouco vai mudar imediatamente, mas as reflexões sobre os temas colocados deverão ser aprofundadas e ações concretas deverão ser estudadas, com a máxima urgência.

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O evento contou com a participação de jovens de todas as etnias e todas as classes, mas com as mais marcantes dos que estão marginalizados pela atual situação que exagera na valorização dos seus aspectos materiais como enfatizada pelo papa Francisco nos muitos pronunciamentos. Os participantes da Jornada certamente levarão as emoções e lições que por que passaram ou receberam no evento. Os eventos negativos foram ínfimos diante da grandiosidade do que ocorreu de positivo.

Ainda que o evento seja religioso, contando com seus ritos definidos, todas as oportunidades foram aproveitadas para atingir tanto católicos como os que não os são. As mensagens foram universais e são pouquíssimos os que não respeitam seus preceitos ainda que nem todos concordem com os mesmos na sua integridade.

A atitude geral da Jornada teve uma orientação ecumênica com respeito também aos que não são católicos. Ainda que formalmente não esteja sendo divulgada como a que mais recebeu adesões, deve-se que considerar que o mundo passa por uma crise e as distâncias e os custos para os deslocamentos para o Brasil são maiores do que em outras localidades. E as participações dos brasileiros costumam ser informais, sem nenhum registro nos eventos.

Como estes eventos vêm se reproduzindo de tempo em tempo, tudo indica que nos próximos já se possam sentir as influências do que aconteceu no Rio de Janeiro. Não seria um exagero afirmar que o mundo depois da Jornada Mundial da Juventude no Brasil não será mais o mesmo. As mudanças deverão começar a ocorrer no próprio seio da Igreja Católica, mas deverão ser propagadas também pelos governos que recebem a sua influência, como também adotadas nos países que não sejam de populações predominantemente cristãs.