Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mudanças Significativas na Siderurgia Mundial

6 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: notícia no Nikkei sobre o novo projeto da Kobe Steel, projeto da Voestalpine austríaca nos Estados Unidos, tecnologia associada com a Siemens, utilização do gás de xisto

Existem notícias que merecem a maior atenção, pois antecipam as mudanças que estão ocorrendo no mundo até em setores básicos como a siderurgia, mesmo no atual cenário complicado da economia mundial. No momento em que há uma redução do ritmo de desenvolvimento, fazendo com que haja uma grande capacidade ociosa na siderurgia mundial, inovações e expansões continuam ocorrendo com a intensa utilização de novas tecnologias. A substancial redução do custo do gás com o uso do xisto nos Estados Unidos, menos poluente que outras fontes de energia, viabiliza uma nova planta siderúrgica de grande porte. Como o uso da tecnologia desenvolvida pela Midrex, subsidiária da Kobe Steel, associada com a Siemens alemã. A nova planta da Voestalpine austríaca se localiza nos Estados Unidos, visando também a exportação para a Europa, especificamente à Áustria, utilizando a tecnologia da fusão direta do minério de ferro com o gás, sem o uso tradicional do carvão mineral ou a energia elétrica. Anuncia-se que sua capacidade inicial é de 2 milhões de toneladas ano e pode ser surpreendente para muitos.

Os especialistas sabem que estas tecnologias estão dominando a siderurgia mundial, enquanto no Brasil o projeto da Vale com os coreanos em Pecém, junto a Fortaleza no Ceará, numa zona especial de exportação ainda pretende utilizar uma tecnologia ultrapassada com carvão mineral na nova planta que está em construção. O fato insuperável é que o gás do xisto é de custo sensivelmente mais baixo, e se o Brasil não deixar de praticar preços elevados com o gás associado à extração do petróleo, para auxiliar na geração de recursos adicionais para os investimentos da Petrobras, continuará agravando a sua falta de competitividade industrial, mesmo com a implantação de zonas especiais de exportação.

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Os empresários da indústria pesada costumam ter uma visão de estadistas, para o longo prazo, e sabem a importância das inovações tecnológicas. Ainda que no momento o setor siderúrgico mundial conte com capacidade ociosa, sabem claramente que com novas tecnologias se manterão mais competitivos, principalmente quando encontram fatores relevantes como o gás de baixo custo.

As indústrias com tecnologias já ultrapassadas, mesmo contando com minérios de qualidade disponíveis localmente, não terão condições de competições internacionais no futuro, que prometem ser cada vez mais acirradas. O grupo Kobe Steel destaca-se nestas tecnologias de fusão direta com o uso do gás, e de forma bastante diferenciada com outros grupos japoneses, mostra-se capacitada a associações com grupos europeus como a Siemens, atendendo a encomenda de uma companhia siderúrgica austríaca, para implantação de uma nova planta nos Estados Unidos.

Fica claro que está se falando da economia globalizada, com grupos poderosos em termos mundiais. Os analistas que não atentarem para estas ousadas inovações, que mostram a visão de empresários estadistas, acabarão sendo atropelados, pois o mundo continua acelerando a sua velocidade, como o que está ocorrendo nos setores eletrônicos e de comunicação. Há um novo mundo, como as demonstrações populares estão indicando, e nos setores básicos da economia já existem os que estão incorporando rapidamente as inovações. Até os que correrem poderão ser atropelados.