Nikkei Alerta Sobre as Dificuldades do Primeiro-Ministro
29 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: as quatro setas da Abeconomics, despesas com obras públicas, o easing monetary policy e a desvalorização do yen, o equilíbrio da política econômica, reformas necessárias
Um artigo publicado pelo jornal econômico Nikkei alerta que o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe deve estar preparando a chamada quarta seta do Abeconomics, a reabilitação fiscal, que será mais difícil do que as fases que marcaram as primeiras medidas. Na primeira, provocou-se o chamado easing monetary policy, ampliando os créditos de curto prazo com a compra de bonds pelo Bank of Japan, provocando uma forte desvalorização cambial que devolveria a competitividade para a indústria japonesa, além de acabar com a longa deflação, objetivando uma inflação anual de 2% para o final deste ano. Isto entusiasmou o setor privado e as cotações na Bolsa fizeram com que o índice Nikkey tivesse uma expressiva elevação.
Na chamada segunda seta do Abeconomics, foram aumentadas as despesas com as obras públicas, também estimulando a ativação da economia japonesa. Depois do terremoto do nordeste do Japão, tanto a Dieta como a população aceitou a ampliação dos orçamentos propostos pelo governo Shinzo Abe, abandonando a restrição dos gastos que vinha deste o governo Junichiro Koizumi em 2001-2006 e prosseguiu durante os mandatos sob o comando do PDJ – Partido Democrata do Japão, sem que se conseguisse ativar a economia japonesa. Nos dois primeiros meses fiscais de 2013, houve um crescimento sobre o mesmo período do ano anterior, de 28,6% em abril e 24,8% em maio, mostrando que para gastar mais todos acabam sendo flexíveis, ainda que nem sempre adequadamente controlado. Mas os gastos dos orçamentos locais foram controlados, gerando algumas insatisfações. Os resultados obtidos nas eleições da Câmara Alta foram arrasadores a favor do governo.
Mas esta situação não é sustentável a não ser no curto prazo e numa emergência, pois o endividamento público do Japão é o mais elevado no mundo, superando até o da Grécia. Ainda que na sua quase totalidade seja financiada pelos recursos dos próprios japoneses.
O Japão necessita efetuar reformas de grande monta, inclusive com a elevação de impostos. Terá também que efetuar uma revisão nos seus orçamentos se o governo persegue a verdadeira reabilitação fiscal, como expresso no artigo do Nikkei. Mas reconhecem-se as suas dificuldades, pois uma vez disparado o sinal verde para a ampliação dos gastos públicos, torna-se muito difícil fazer funcionar os freios, mesmo com a grande vitória eleitoral.
O artigo do Nikkei informa que ampliar as obras eleitoreiras como as ampliações monetárias são fáceis, mas, uma vez flexibilizadas, acabam sendo difíceis de serem controladas com o estabelecimento de porteiras afuniladoras (pork-barrel). Avalia-se que medidas restritivas podem provocar a redução das vendas, além de chamar grande atenção para o mercado de capitais.
Mesmo nas economias desenvolvidas não existem lanches grátis, e os seus encargos sociais com os idosos são elevados, havendo também setores que estão sendo comprimidos, que começam a manifestar suas insatisfações, como os agricultores, os aposentados e os funcionários das administrações locais.