Revolução Tecnológica na Educação
2 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a educação que começa no berço, artigo do The Economist sobre a revolução tecnológica, as preocupações com o humanismo, preocupação com a educação no Brasil, uma compreensão adequada do que está acontecendo no Brasil | 4 Comentários »
Temos revelado neste site a preocupação sobre a educação no Brasil, pois parece que, além das reivindicações colocadas pelas recentes manifestações públicas, é possível detectar as limitações na formação da população brasileira em diversos sentidos. Desde aqueles que se supõem estar nos níveis mais elevados da formação acadêmica até os estudantes que parecem não possuir uma clara noção dos problemas reais da convivência democrática numa sociedade. A revista The Economist aponta os indícios de uma verdadeira revolução tecnológica na educação com o uso de todos os meios eletrônicos hoje disponíveis, até para recuperação daqueles que estão relativamente atrasados na educação formal: http://www.economist.com/news/briefing/21580136-new-technology-poised-disrupt-americas-schools-and-then-worlds-catching-last. Com o uso de tecnologias de ponta, de forma extremamente didática e atrativa, como é um exemploas aulas que estão sendo disseminadas por Salman Khan, com a versão em português, disponíveis gratuitamente, graças às generosas doações de Paulo Lehmann.
O que pode ser questionado é qual a educação ideal, se na versão dada nas escolas, muitas vezes com vieses de departamentalização exagerada como nos Estados Unidos ou as que permitem uma formação humanística mais rica e diversificada como as de origem europeias, notadamente da França. Ou ainda a que começa no berço, muito antes do ingresso das crianças nas pré-escolas, com os pais conscientes que seus fundamentos já começam a ser fornecidos pelos exemplos dados por eles que parecem mais relevantes na formação dos seres humanos. Ainda que muita literatura esteja disponível também para os pais, parece que as crianças de hoje são intensamente motivadas mesmo antes do primeiro ano de vida, com todas as parafernálias eletrônicas de todos os tipos disponíveis no ambiente em que são criadas. Os bebês acabam sendo estimulados mesmo involuntariamente, fazendo com que os seus conhecimentos surpreendam mesmos os pais de formas muito prematuras.
O que parece necessário é que a educação seja compreendida de forma mais ampla, não se referindo somente à formal, que proporciona títulos. Mas a que permite a compreensão adequada do mundo em que vivemos, com todas as suas limitações e os problemas políticos da convivência com outros que pensam de formas diferentes das nossas.
O professor Delfim Netto, na sua coluna semanal do Valor Econômico, também chama a importância deste aperfeiçoamento na educação brasileira para o adequado equacionamento do agudo problema que o Brasil está enfrentando no momento, com uma ampla compreensão que não parece estar sendo alcançada: http://www.valor.com.br/brasil/3181790/esquizofrenia-hiperativa.
As respostas aos legítimos reclamos populares não parecem que devam ser dadas por meras conveniências políticas momentâneas. O que parece estar no fundo é um crescimento econômico abaixo das expectativas possíveis com os recursos disponíveis, bem como as preocupações com o futuro, tanto no que se refere à volta da inflação como a redução do emprego e todas as conquistas que foram obtidas.
Vamos procurar detalhar em outros artigos assuntos que parecem pertinentes sobre outros ângulos, oferecendo reflexões para as autoridades, para uma solução mais racional e de longo prazo para o Brasil, de forma sustentável.
Dr. Yokota,
Educação publica no meu tempo era muito boa.
Lembrei desse tempo no Japão vendo escolas enormes com campo de futebol e todas as modalidades recreativas culturais.
As brasileiras não tem campo de futebol somente quadras poliesportivas e quando tem. E e o pais do futebol!
E educação de tempo integral ate o colégio,
Porque não copiar?
E os políticos que viajam tanto não poderiam copiar o lado estrutural e criar projetos de escolas com tamanho suficiente para abrigar os alunos em tempo integral?
O governo poderia começar pelas pequenas cidades como exemplo já acontece em Cidade do Piauí que vi uma reportagem só não lembro da cidade, que se tornou excelência de escola.
Teve um ministro da educação, esteve no Japão e teve a coragem de criticar o sistema educacional japonês, em vez de trazer idéias para melhorar o nosso.
E o Brasil adotou a emancipação de cidades após a Contituicao de 1988, e quem fez o lobby na época, Quercia com o movimento municipalista.
E com isso cidades que não tem nenhuma arrecadação, tem prefeitura e todo aparato, tirando o dinheiro da saúde, educação, segurança etc. Para sustentar os políticos.
No Japão pequenas cidades e que vão diminuindo a população se fundem em uma somente, para diminuir os gastos públicos.
Será que vamos melhorar?
Caro Yoshio Hinata,
Obrigado pelos comentários. Acho que cada país tem coisas boas e ruins. No caso não só do Japão, como muitos países asiáticos, receberam a influência dos ensinamentos de Confúcio, que acabaram incluindo em suas culturas um alto valor para a educação. A Coreia do Sul está se destacando neste aspecto. Conheço o Japão, e acho que existem muitas coisas boas no seu sistema de educação, mas, infelizmente, a taxa de suicídio é muito elevada naquele país.
Lamentavelmente, no Brasil a educação não conseguiu merecer uma alta prioridade, o que estamos procurando corrigir. Mas, os brasileiros são admirados no mundo, pois com todos os seus problemas, mantêm a alegria de viver.
Precisamos notar que uma coisa é um país emergente em que sua população continua crescendo, inclusive com uma imigração que está aumentando. Outras são países que sofrem a diminuição de população, com o aumento relativo dos idosos. Todos criticam os políticos, em quase todo o mundo, mas precisamos tornar a atividade política mais nobre, pois é importante para todas as sociedades. O que parece possível de se aprimorar é o controle dos eleitos pelos eleitores, e o sistema distrital misto como existe no Japão e na Alemanha parece permitir uma accountability mais eficiente.
Com todos os problemas que sofremos no mundo emergente, eles continuam crescendo mais que nos países já desenvolvidos. Acredito que vamos chegar lá, pois temos um sistema democrático ativo que permite acomodar estas mudanças de prioridade como está ocorrendo no Brasil.
Paulo Yokota
Dr. Yokota,
Realmente, mudancas no sistema político como voto distrital e também voto LIVRE, como é no Japão, votam os mais conscientes creio eu.
Sobre suicídio, é bem complexo por se tratar de uma sociedade em que se preza uma forma de morte sublime pela honra e vergonha. Só que no caso dos adolescentes, a cobrança social em busca sempre da excelência em tudo, devem ser fatores que necessitem de mudanças, como fala o Dr. Yokota sobre a alegria de viver dos brasileiros.
Eu aprendi com meu Ex chefe Sr. Takahashi do Japao, que temos que aprender o lado bom do Japão e o lado bom do Brasil, e seremos aperfeiçoados. Essa é a oportunidade, por sermos filhos de imigrantes.
Caro Yoshio Hinata,
Obrigado pelos comentários. Acredito que o voto livre permite que os que desejam participar das eleições o façam, independente de serem ou não mais conscientes. Nos sistemas democráticos o valor dos votos procuram ser iguais para todos.
Sobre o suicídio, acredito que no passado havia um conceito do Bushido, mas nos dias de hoje não se justifica esta forma de morte, ainda que seus aspectos positivos devam ser aproveitados, como sublime pela honra e vergonha. Se erramos, acredito que devemos nos sujeitar a condenação ainda que não seja pela legislação, mas até pela sociedade em que vivemos. Realmente, a pressão social no Japão parece exagerada sobre os adolescentes, não havendo necessidade numa sociedade cada vez mais pluralista, onde se reconhece que cada pessoa tem suas limitações que precisam ser respeitadas. Não devemos forçar para que todos se ajustem a padrões, mesmo os estabelecidos coletivamente. Acredito que sempre devemos aproveitar o que seja bom em qualquer cultura, independente de sermos filhos de imigrantes. Num pais amplo como o Brasil existem diversas regiões que se diferenciam, e no atual mundo globalizado acredito que todos somos migrantes. Confesso que tenho algumas dificuldades com uma cultura que se consolida num lugar restrito.
Paulo Yokota