Técnicas de Demolição e Construção dos Japoneses
3 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo do The New York Times republicado em português na Folha de S.Paulo, demolições de edifícios no Japão, duas técnicas para menores inconvenientes
Um artigo de Henry Fountain originalmente publicado no The New York Times foi republicado em português no suplemento da Folha de S.Paulo. Refere-se à tecnologia japonesa para demolição de grandes edifícios, com os menores inconvenientes possíveis, e aproveitamento de muitos materiais para a reciclagem. Como é sabido, o Japão é um dos países que mais demolem edifícios ainda não tão velhos para dar espaço para novos conjuntos, dada as limitações de espaços naquele arquipélago. Muitas regiões, como o centro da cidade de Tóquio, foram totalmente remodeladas, sendo hoje ocupadas por novos e modernos edifícios em dezenas de quarteirões.
O artigo cita duas tecnologias que estão sendo utilizadas, uma da Taisei Corporation, que permitiu a demolição do famoso edifício que era ocupado pelo Akasaka Prince Hotel, onde morei um tempo. O projeto de 40 andares construído pelo premiado arquiteto Kenzo Tange era um símbolo de modernidade há algumas décadas, e apesar de bem conservado, foi demolido para dar espaço a um novo complexo. O artigo informa que a tecnologia utilizada foi a construção de uma cobertura nos últimos quatro andares, onde foram afixados painéis que davam a impressão do alto deste edifício. Outra tecnologia utilizada pela Kajima Corporation que, com o suporte de gigantescos macacos hidráulicos, vai desmontando andares inferiores fazendo com que o edifício acabe desaparecendo.
Asakasa Prince Hotel: novas tecnologias para demolir e construir
O que estas tecnologias permitem é a substancial redução dos inconvenientes, como os barulhos, as poeiras bem como o total aproveitamento de todos os materiais recicláveis. Entre eles, as madeiras, os concretos, como os metais valiosos como o aço, o alumínio e o cobre que são separados, ainda que estas empresas tenham que arcar com alguns custos.
Mesmo com a ocorrência de terremotos não existem riscos, pois estes edifícios em demolição contam com estruturas para suportar abalos significativos. Estas tecnologias acabarão sendo utilizadas no exterior, ainda que impliquem em custos elevados.
Evidentemente, estas empresas contam também com avançadas tecnologias para a construção dos novos complexos, aproveitando o imóvel que ficou liberado. Utilizando o máximo de material pré-fabricado, o tempo para a montagem dos novos complexos é reduzido substancialmente, havendo casos em que muitos edifícios que demandam anos no Brasil sejam construídos em poucos meses, com evidentes economias nos seus custos.
Como os recursos humanos implicam em elevados custos no Japão, existe uma tecnologia com o máximo de utilização de equipamentos bem como amplos conjuntos, como banheiros e cozinhas já completos, bastando serem montados nos edifícios, com todos os seus hidráulicos, elétricos e outros necessários.
Os planejamentos acabam sendo mais demorados e detalhados, não havendo muitas possibilidades de serem alterados depois das opções feitas. Isto implica também que estes edifícios, quando mudam nos seus usos, tenham que ser demolidos.
Apesar das transmissões destas tecnologias para outros países, há que se admitir que as mesmas foram desenvolvidas para atender as condições específicas existentes no Japão, implicando em grandes adaptações quando ajustadas às condições vigentes no exterior.