As Fortes Flutuações Cambiais
21 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a desvalorização cambial no Brasil, aplausos dos exportadores, defesa dos afetados, problemas dos fluxos financeiros exagerados
Continuam ocorrendo as fortes flutuações cambiais afetando agora os países emergentes com acentuadas desvalorizações de suas moedas. Eles decorrem da política norte-americana que, para recuperar a sua economia, inundou o mundo com dólares e créditos. Estes ativos financeiros foram especulares em outros países, mas, na medida em que suas condições macroeconômicas apresentam pioras, os fortes fluxos de retorno ampliam as dificuldades cambiais. No Brasil, enquanto o ministro de Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, aplaude a forte desvalorização que vem ocorrendo no ano que beneficia os exportadores, exigiu-se a atuação do Banco Central para evitar consequências inflacionárias exageradas, e outras autoridades se preocupam com os efeitos colaterais que estes fluxos provocam inclusive políticos.
Alem de encarecerem as importações e os serviços que foram prestados no exterior, muitas empresas que se endividaram em moeda estrangeira, confiando na sua estabilidade, passam a enfrentar problemas se não efetuar as operações adequadas de hedge contra estas flutuações bruscas. O adequado, para qualquer entidade pública ou privada que assume responsabilidades em moeda estrangeira, é que tenham receitas compensadoras destes riscos na mesma moeda. Aqueles que importam podem ficar prejudicados, mas, se estiverem exportando no mesmo montante, eles terão benefícios que os compensam.
O mercado cambial é dos mais difíceis de serem projetados, pois, além de serem afetados pelos fatos comerciais como as exportações e importações, de todos os serviços que estão relacionados com eles como fretes, seguros etc., também acabam sendo fortemente influenciados pelos fluxos financeiros que são gigantescos no atual mundo globalizado.
Além dos investimentos internacionais e remessas dos seus resultados, existem especulações que procuram aproveitar a arbitragens entre as variadas oportunidades, numa velocidade assustadora, em volumes gigantescos, e prazos extremamente curtos. Existe computares programados que, mesmo sem o conhecimento dos operadores, fazem automaticamente estas operações, muitas das chamadas de day trading, que são revertidas rapidamente.
Como as instituições financeiras obtêm resultados com estas operações, tanto na saída como na entrada, acabam estimulando-as, com os eventuais prejuízos ficando por conta dos clientes, enquanto os ganhos são divididos. É uma das razões que não permitem que as autoridades nacionais ou internacionais imponham regulamentações sobre estes fluxos. E eles são influentes.
Nenhuma flutuação brusca beneficia uma determinada economia, mas, quando sua situação se torna insustentável, os especuladores procuram aproveitar a oportunidade para um ganho extra. As autoridades, como o Banco Central do Brasil, procuram criar as condições para que as mudanças ocorram ao longo do tempo, com o mínimo de flutuações nervosas, ainda que um pouco acabe sempre ocorrendo com multidões operando no mercado, com mais ou menos agilidade.
Normalmente, os operadores mais qualificados e dotados de poderosos instrumentos com grandes disponibilidades de recursos acabam ganhando na média, mas não existe nenhum mecanismo seguro para evitar totalmente os riscos, que só podem ser estimados com dados passados.