Exagero das Avaliações Pessimistas Sobre o Brasil
16 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: análises objetivas, avaliações de pessimismo exagerado, comportamento da agricultura, efeitos sobre o restante da economia
Economistas de diferentes orientações apontam o atual exagero no pessimismo do mercado, de analistas do setor financeiro e da imprensa sobre a evolução da economia brasileira. O Banco Central do Brasil apresentou o seu Índice de Atividade, conhecido como IBC-Br, estimado para junho último, reafirmando que não existem bases técnicas para este otimismo. Economistas reconhecidamente de posições diferentes, como o professor Antonio Delfim Netto e Francisco Lopes, ex-presidente do Banco Central e responsável pela consultoria Macrométrica, reafirmam que os dados mostram que o quadro não é tão difícil, mesmo que todos desejassem resultados de um crescimento mais robusto.
O assunto está sendo abordado num artigo elaborado por Francine De Lorenzo sobre as posições pessimistas, publicado no Valor Econômico. Elisa Soares, do mesmo jornal, reafirma a posição de Francisco Lopes, que também publicou nesta semana um artigo expressando a sua posição, como fez o professor Antonio Delfim Netto na sua coluna semanal no mesmo jornal. Também há um artigo de Arícia Martins explicando o significado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central, que ela gostaria que fosse mais indicativa de forte recuperação, mas que indica um sinal positivo para o segundo trimestre deste ano. O importante seria entender o “por que” de tanto pessimismo.
Antonio Delfim Netto Francisco Lopes
Já afirmamos neste site que a maioria dos analistas pensa somente na situação isolada do Brasil, quando o restante do mundo também não registra um quadro de grande otimismo. A recuperação é lenta, mas há sinais positivos.
Na coluna do professor Delfim Netto fica claro que o diálogo do governo com o setor privado teve alguns problemas, mas a presidente Dilma Rousseff vem se empenhando em ampliá-lo, tanto com as classes políticas como os empresários.
Também vem determinando ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, um aumento da intensidade de contatos com os empresários visando identificar suas principais reclamações, procurando atendê-los no que for possível e razoável.
Um dos pontos de atrito do governo com o setor privado eram as posições refletidas pela Secretaria do Tesouro Nacional, cujo responsável foi deslocado da linha de frente destes relacionamentos que ficaram no âmbito do Ministério da Fazenda.
É evidente que os empresários desejariam uma situação mais confortável, notadamente na participação dos próximos leilões, mas deve-se compreender que o quadro geral no mundo não é de euforia, havendo que se ajustar à dura realidade. Todos sabem que existem margens para a melhoria da eficiência nos investimentos privados a serem efetuados, proporcionando resultados mais compensadores.
O que se espera é que os diálogos que estão sendo efetuados proporcionem uma clareza maior do que se pretende com o conjunto de ações do governo. Todos concordam que as melhorias da infraestrutura proporcionam resultados para toda a economia.
Outro aspecto a ser considerado, que nem sempre entram no cálculo de muitos analistas, é o expressivo impacto de uma grande safra agrícola como deste ano, que está expresso nas quedas de seus preços, ajudando na redução das pressões inflacionárias. Também o quadro não tão brilhante da demanda dos consumidores impede a simples propagação das pressões inflacionárias.
Neste site, temos insistido nos efeitos de uma grande safra sobre os aumentos das atividades do setor de serviços, inclusive nas receitas dos municípios. Os que estão acostumados com a vida nas grandes metrópoles contam com menor sensibilidade sobre o que continua ocorrendo no Brasil profundo, que hoje se estende do Rio Grande do Sul até a Amazônia. Além de observar o exterior, os brasileiros deveriam viajar pelo interior brasileiro, para notar as grandes mudanças que estão se observando por todo o país.