Mudança Para Pior que Acontece na Indonésia
24 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: alternativas disponíveis, artigo no The Economist, o caso da reversão econômica na Indonésia, pressões inflacionárias, redução do crescimento, vendo o que acontece no mundo
Quando conversava com um amigo que se queixava da situação em que se encontra a economia brasileira, pedindo que observasse o que vem acontecendo também no resto do mundo, ele afirmou que morava e trabalhava no Brasil. Ainda que isto seja importante em qualquer país, no atual economia globalizada, parece recomendável que tudo seja considerado relativamente ao que vem se observando no mundo, principalmente em países que apresentam semelhança com onde se vive. A revista The Economist apresenta num artigo a brusca mudança de cenário que se observou na Indonésia, este país emergente com 240 milhões de habitantes, que vinha crescendo cerca de 6% ao ano, que também está sofrendo uma desaceleração no seu crescimento, com pressões inflacionárias ascendentes.
O país que era considerado como um dos mais promissores do Sudeste Asiático, com a maior população muçulmana moderada do mundo, que conta com recursos naturais abundantes, inclusive petróleo, carvão mineral, uma política macroeconômica estável, passa a sofrer uma desvalorização cambial em decorrência do fluxo de recursos externos, depois dos anúncios que os Estados Unidos tendem a reduzir a sua flexibilidade monetária. Este problema não é isolado, e está ocorrendo em maior ou menor grau em todos os países emergentes, necessitando ser avaliado relativamente.
Há alguns meses, os investidores estrangeiros estavam lutando para entrar no mercado da Indonésia, e ainda o seu crescimento deste segundo trimestre do ano de 5,8% que não é um percentual desprezível no mundo atual, mas que a revista expressou como “desacelerou para 5,8%”, quando a meta do governo para o ano é de 6,3%, que dificilmente será alcançado. Mas, isto não está acontecendo em todos os lugares do mundo?
A inflação da Indonésia e um pouco mais alta, tendo chegado a 8,6% em julho. Como em outras localidades, o segmento financeiro vem sofrendo com uma queda violenta na Bolsa, uma forte desvalorização cambial e uma expressiva saída de recursos externos dos títulos públicos, estimado em US$ 1,4 bilhão. Depois de um período de boas notícias, os indonésios estão sofrendo uma súbita mudança, que não difere muito de outros países semelhantes.
Como em todos os lugares, os economistas procuram acalmar o quadro, informando que a inflação foi provocada pela retirada dos subsídios sobre os combustíveis, devendo voltar para o nível de 5%. A balança em contas correntes que registrou um déficit de 2,7% do PIB em 2012 está aumentando para 4,4%, como anunciado neste mês de agosto. Como em outros países, reformas não foram efetuadas quando o quadro estava melhor.
Queixa-se também na Indonésia que a infraestrutura está precária e a corrupção continua existindo, inclusive no setor de petróleo e gás. Não parece que existam outros setores onde os investidores possam aplicar, deixando os segmentos financeiros nervosos.
Para a revista The Economist, que tem uma posição ideológica liberal, afirma-se no artigo que está havendo um perigoso nacionalismo econômico, deixando os estrangeiros em desvantagem. Eles estão sendo induzidos a aumentar o valor agregado no país sobre alguns minérios, bem como os controles das empresas ficarem com os grupos locais, quando tinham uma das políticas mais abertas do mundo.
A revista condena que tais mudanças estejam ocorrendo agora que o quadro se inverteu, e poderiam ser tomadas quando estavam boas. Ainda que não seja a situação mais desejável, infelizmente a realidade política interna de muitos países obriga o governo a tomar estas atitudes, para poderem se sustentar, principalmente quando precisam enfrentar eleições presidenciais e legislativas no próximo ano.
Como este quadro é semelhante com muitos de outros países, parece que estas análises precisam ser consideradas de forma relativa. Notadamente em economia, onde os dados absolutos são pouco relevantes, e os relativos é que devem ser considerados, não somente naquele país, infelizmente.