Protestos Violentos no Brasil
15 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigos na Folha de S.Paulo, Black Blocs e Anarcopunks, esclarecimentos importantes, papel da mídia
Eu, no mínimo, estou assustado e espero que outros também estejam com a multiplicação destes protestos violentos que não ocorrem somente em São Paulo, no Brasil, mas também em algumas localidades no exterior. Uma matéria elaborada por Patrícia Campos Mello, Fabiano Maisonnave e Giba Bergamin Jr. na Folha de S.Paulo junto com outras relacionadas informam sobre a ação conjunta de manifestantes pertencentes ao Black Blocs, que já começaram no Occupy Wall Street, com anarcopunks e pichadores. O que parecem ter em comum é a característica de cobrirem seus rostos e praticarem atos violentos, inclusive com os policiais, demonstrando sua inconformidade com a situação atual. Ainda que não seja simpático, as forças policiais existem para tentar manter a ordem dentro da legislação atual, e mesmo as manifestações pacíficas deveriam ser canalizadas para não prejudicarem os direitos de outros, num entendimento prévio com as autoridades, na minha modesta opinião.
Não penso que a anarquia possa representar um avanço no sistema democrático que está se consolidando no Brasil. Em qualquer sociedade existem os anarquistas que são coibidos em suas ações pelas forças organizadas, os policiais que devem contar com o monopólio do uso da força, quando necessário. Pode se afirmar que muitos policiais não estão preparados para dosar o seu emprego dependendo das situações que se multiplicam tanto em frequência como se dividem em muitos lugares. Que haja manifestantes descontentes com algumas autoridades não parece ser problema que afete uma sociedade democrática. Mas destruir o patrimônio público não parece o meio mais adequado para solucionar as divergências.
Numa outra matéria, o mesmo jornal informa que os protestos contra o cartel que teria se formado para as concorrências da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos começaram pacificamente no Vale do Anhangabaú, com menos manifestantes que em junho, acabou em confrontos violentos com os policiais na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa. Algo semelhante com o que aconteceu no Rio de Janeiro, ainda que as motivações sejam diferentes.
A mídia vem dando ampla cobertura para estas manifestações e acontecimentos, acabando por estimular a sua repetição diante da repercussão que conseguem. Ninguém pode ser contra as manifestações pacíficas, se realizadas em lugares autorizados que minimizem as inconveniências para toda a população. Informa-se que tecnologias avançadas como o Google Glass e drone foram utilizadas para as coberturas jornalísticas, que acabam sendo ampliadas para o exterior.
O que se espera é que tais acontecimentos não acabem desabando no que vem acontecendo na Turquia ou no Egito, que possuem menos tradições democráticas. Mas as repetições de manifestações anárquicas tendem a forçar uma indesejável arbitragem de forças militares. Como ensinava o saudoso sociólogo Heraldo Barbuy, as sociedades organizadas contam com mecanismos que existem para não serem utilizados, mas, quando preciso, acabam sendo acionados.
Ainda que muitos entendam que estas violências são decorrentes de outras praticadas pelos políticos corruptos, sendo compreensíveis, acredito que existem mecanismos democráticos mais inteligentes para canalizar estas reivindicações. A surda indignação de parte da sociedade que se sente atingida, espera-se, tende a se ampliar expressando sua contrariedade ao uso da violência anárquica.