Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Riscos da Avaliação Superficial da Índia

16 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: efeitos sobre o Brasil, perigo de contágios, perigos da avaliação superficial da Índia, problemas ainda localizados

Todos os sinais disponíveis são de um exagerado nervosismo nos mercados internacionais, o que acaba beneficiando os pessimistas, mesmo existindo dados que permitem avaliações mais realistas. O site do The Economist publica um artigo sobre as medidas tomadas pelas autoridades indianas impondo algumas regras ao fluxo de recursos que estão saindo daquele país, que atingem os mais abonados da Índia que sempre gozaram de privilégios comparados com a massa de sua pobre população. O artigo mostra que os cidadãos daquele país ficam limitados ao transporte de US$ 75 mil por ano, quando anteriormente era de US$ 200 mil. As empresas indianas só poderão fazer investimentos no exterior equivalentes ao seu capital, medidas que atingem somente aqueles que custeavam estudos dos seus filhos em prestigiosas universidades do exterior, ou que efetuavam grandes gastos como os de casamentos luxuosos em Maurício. Não é preciso lembrar que a distribuição de renda na Índia sempre foi desigual.

O Banco Central da Índia parece preocupado com as fugas de capital nos momentos mais difíceis de sua economia, como já postamos neste site. Bem como as compras de ouro que ocorrem nestes períodos ficaram limitadas. O fato concreto é que está ocorrendo uma deterioração da economia indiana, como também ocorre entre na maioria dos países emergentes, inclusive no bloco que ficou conhecido como BRICS. Não há como diferencial a Índia do que acontece em outros seus vizinhos como a Indonésia. Mas, as cotações na Bolsa de Mumbei como da rupia indiana mostram que existem tendências a serem observadas.

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As cotações na Bolsa mostram que existem grandes flutuações que nos últimos dias voltaram a registrar quedas acentuadas, como no último dia útil antes do seu feriado de independência daquele país (menos quatro por cento), diante das medidas restritivas tomadas pelas autoridades. As cotações da rúpia indiana frente ao dólar norte-americano mostram também uma tendência a sua desvalorização que vem ocorrendo nos últimos meses, o que torna a economia indiana mais competitiva no exterior.

O risco é que estes dados podem contagiar outras economias como a brasileira, que também não está registrando o crescimento que seria desejável, e uma desvalorização do real mais acelerada. Estas economias possuem reservas apreciáveis, sendo que a da Índia permite resistir a estas pressões por cerca de um ano (cerca de US$ 250 bilhões), enquanto as do Brasil estão estimadas em mais de US$ 370 bilhões, o que não é desprezível.

As autoridades destes países também estão atentas, como as responsáveis pelas instituições financeiras internacionais, pois não se podem acrescentar problemas ao atual quadro já complicado em termos internacionais.

O que vem ocorrendo é uma recuperação mais lenta do que desejada da economia norte-americana e europeia, uma queda mais acentuada na economia chinesa, e também uma lenta recuperação na economia japonesa. Tudo vai exigir um pouco de paciência, pois não existem medidas mágicas que possam corrigir estas limitações, ainda que o desejo de tranquilidade seja uma aspiração legítima de todo o mundo.