Uso de Consultores Externos Pelas Empresas Japonesas
27 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: adaptações às condições locais, antes tarde do que nunca, dificuldades das grandes empresas japonesas
Interessante o artigo publicado por Yoree Koh no The Wall Street Journal e reproduzido em português no Valor Econômico de hoje. Mostra a dificuldade de grandes empresas japonesas, como a Toyota, na absorção de especificidades dos mercados de outros países, parte pela insuficiência de uso de consultores externos. No Japão, os conhecimentos acumulados numa grande empresa costumam ocorrer ao longo do tempo com a contribuição de muitos dos seus próprios funcionários. Com isto, ficam limitados em absorverem conhecimento de mercados externos, e não são poucos os equívocos decorrentes destas limitações. A Toyota foi uma das primeiras indústrias automobilísticas a iniciar a sua montagem no Brasil, inicialmente com um jipe denominado Bandeirantes, que era adequado às condições rústicas do país.
No entanto, como ele era montado com um motor da Mercedes Benz, não teve condições de evolução, e a sua produção acabou sendo abandonada, deixando saudades. Também a Toyota ficou estagnada no país, perdendo para outras concorrentes, inclusive a Fiat que chegou bem depois no Brasil, produzindo veículos de menor porte adaptadas às condições do poder aquisitivo dos consumidores brasileiros. Mesmo alertado por consultores que com a nova classe média brasileira haveria demandas para automóveis baratos de pequeno porte, seus dirigentes no Brasil alegavam que isto seria para tecnologias chinesas e indianas. Agora, com novos dirigentes que vieram de outros grupos como a GM, como está no artigo citado, procura recuperar décadas perdidas, que começou com a produção do Etios e que deve evoluir para outras versões mais baratas.
Toyota Etios
A Toyota, produtora de autos que são considerados tecnicamente bons, com baixos custos de manutenção e grande durabilidade, enfrenta dificuldades quando é obrigada a adotar tecnologias ajustadas às condições brasileiras. Como outros veículos de origem japonesa são pouco eficientes no consumo de energia, ponto forte no Japão, quando são obrigadas a contar com versões flex fuel, com o consumo de gasolina ou etanol, basicamente contribuição da Bosh alemã. Certamente, são eficientes nos híbridos que utilizam gasolina de boa qualidade com energia elétrica, cujos autos são ainda de elevados custos.
O mercado brasileiro e de outros países emergentes que demandam muitos veículos off road poderiam contar com evoluções que viessem do antigo Bandeirantes, muito antes dos que se tornaram populares como os Hilux, cuja produção na Argentina está equivocada, pois seu mercado é maior no Brasil, como outros similares de outras marcas.
Agora, tudo indica, tanto a Toyota como as outras grandes empresas japonesas procuram abandonar a tendência que denominam de cultura de Galápagos, pois se tornaram multinacionais de grande importância e precisam admitir que existem tecnologias específicas que são mais eficientes que as japonesas. Espera-se que venham a respeitar também opiniões de consultores externos que tenham conhecimento das condições locais.