Yuriko Koike Escreve Sobre o Japão Atual

1 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: exageros de otimismo, minimiza as dificuldades, uma visão partidária, Yuriko Koike é parlamentar importante do LDP | 2 Comentários »

Yuriko Koike foi ministra da defesa do Japão e sempre teve importância na formulação da política do seu partido, o LDP – Partido Liberal Democrático do Japão. Escreve regularmente no Project Syndicate, mas o seu mais recente artigo parece refletir um otimismo partidário com o atual governo de Shinzo Abe, que conseguiu uma expressiva vitória eleitoral para a Câmara Alta. Ela critica os governos do partido DPJ – Partido Democrático do Japão, que teve muitas mudanças de ministros ao longo dos 39 meses em que esteve no poder, com uma longa deflação e uma estagnação econômica, ao lado do enfraquecimento de sua política externa.

Ela afirma que estas ansiedades foram superadas com o novo governo que se consolida com elevado prestígio eleitoral, entusiasmo popular e do empresariado, melhoria das cotações na sua Bolsa, e uma nova política externa, que está sendo denominada Abeconomics. Nas suas duas primeiras setas, teria provocado à flexibilidade monetária que desvalorizou o yen, garantindo a sua competitividade externa, e com a política fiscal expansionista teria conseguido uma ativação de sua economia. Mas reconhece que a terceira seta seria a mais complexa com a desregulamentação de sua economia e outras reformas estruturais, para forçar os poderosos grupos a se ajustarem à nova política.

Yuriko Koike

Segundo a autora, Shinzo Abe não terá que se preocupar com problemas eleitorais nos próximos três anos e teria que consolidar a sua reforma para a segurança social, estimular os acordos internacionais como o TPP – TransPacific Partnership que fortaleceria a aliança com os Estados Unidos, o que exigiria uma forte disciplina partidária, pois muitos dos membros do partido estão relacionados com os setores que seriam afetados, como o rural.

Também seria redefinido a sua política externa, ressaltando que o premiê Shinzo Abe já visitou 13 países desde dezembro último, para fazer frente às dificuldades como com a China. Também estaria preparando uma reforma constitucional para permitir a sua defesa externa.

Ela reconhece que existem outros problemas a serem cuidados, pois o principal partido oposicionista não teria cuidado de nada, e muito teria que ser feito para reviver a economia japonesa.

Apesar deste entusiasmo de Yuriko Koike, há que se reconhecer que o Japão é o país mais endividado do mundo do ponto de vista governamental, e que terá que enfrentar uma redução dos seus gastos, ao mesmo tempo em que eleva os seus impostos, o que nunca é simpático.

O mundo não passa por uma fase muito brilhante, e contar com a colaboração externa parece bastante difícil, pois todos estão procurando defender os seus interesses. É claro que os gastos militares que deverão ser ampliados pode estimular a economia interna, mas também gera resistências dos seus vizinhos asiáticos, notadamente da China que continua sendo o maior parceiro comercial do Japão.

Os Estados Unidos, ainda que desejando se contrapor às expansões militares chinesas, procuram contar com seus aliados da região do Pacífico, não podendo assumir encargos adicionais, que ameaçariam sua incipiente recuperação econômica.

Não se podem minimizar as dificuldades que o atual governo enfrentará internamente, inclusive dentro do próprio partido, o LDP. Nenhuma reformulação deste porte seria executada facilmente, e o forte envelhecimento da população japonesa complica muito o quadro, mesmo que tenham que estender suas atividades no exterior. Verifica-se que com a redução de sua população, que mesmo estimulada não volta a apresentar um crescimento, não se consegue superar as dificuldades dos seus jovens estudantes e executivos sejam expatriados para outros países que sejam do seu interesse.

No quadro em que todos os países estão sentindo que seus cobertores estão curtos, há uma necessidade de uma ativa política externa que permita a convivência pacífica, para um país que teve um papel agressivo durante a Segunda Guerra Mundial, principalmente com seus vizinhos que, lamentavelmente, deixaram sequelas difíceis de serem absorvidas.