A Ansiedade Gerada Pela Hesitação Norte-Americana
29 de setembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: a hesitação dos Estados Unidos com relação à Síria, artigo de Yuriko Koike no Project Syndicate, o aumento da influência da Rússia, problemas para os árabes e asiáticos
Como todos sabem Yuriko Koike foi ministra da Defesa do Japão e é uma liderança forte dentro do LDP – Partido Liberal Democrata daquele país, que é o eixo principal do atual governo do primeiro-ministro Shinzo Abe. O seu artigo publicado pelo Project Syndicate deixa extremamente clara a insegurança que se espalha pelo mundo com a hesitante atitude de Barack Obama, que, não contando com o devido respaldo interno e internacional, acabou dependendo totalmente da diplomacia russa, que tirou o melhor partido do episódio da Síria. Depois de afirmar que os sírios tinham atravessado a linha vermelha com o uso do gás para combater os insurgentes, com a morte de milhares de inocentes, teve que aceitar a proposta que o arsenal destes gases fosse entregue às Nações Unidas, proposta que foi formulada pelo Vladimir Putin, presidente pela segunda vez da Rússia.
Ela afirma que não é a primeira vez que isto acontece. Na chamada Primavera Árabe, as autoridades atuais do Egito sentem que precisam resolver seus problemas sem depender dos Estados Unidos, que também consideram hesitantes. O mesmo estaria acontecendo no Paquistão, deixando os asiáticos que dependem fortemente do suporte militar dos norte-americanos extremamente inseguros. Nas dificuldades com a China, ficam com a impressão que pode haver um G2, dos Estados Unidos com aquele país, deixando seus aliados asiáticos numa situação desconfortável. Não lhes resta senão cuidar de investimentos na sua defesa, junto com outros países vizinhos que se sentem ameaçados pelo crescimento militar chinês.
Yuriko Koike
Segundo esta análise, fica claro que a insegurança que se observa nos Estados Unidos, com a profunda divisão de opiniões que não proporciona o devido respaldo ao presidente Barack Obama, espalha-se pelo mundo.
Todos estão observando que houve uma mudança drástica na posição que vinha sendo defendida por Hillary Clinton, quando secretária do Estado, que havia definido uma política externa que dava prioridade aos problemas asiáticos, dado o crescimento de sua importância econômica e dificuldades de sua segurança. Ela anunciou que considerava a região o pivô da orientação do seu país. Agora está se observando que com hesitação o eixo volta a ser o Oriente Médio, tanto pelos problemas da Síria como os demais que ocorrem na região.
O Egito enfrenta um grande problema, Israel e a Palestina não conseguem uma forma de convívio razoável, e agora o Irã passa a exigir novas atenções pela sua tentativa de mudança de política, iniciando conversações com as autoridades norte-americanas. A Rússia que já não tinha um papel tão relevante no cenário mundial acabou ganhando importância por encontrar um mecanismo para resolver parte do problema da Síria.
Aqueles que confiaram exageradamente na política dos Estados Unidos se sentem agora inseguros, pois não podem contar com o seguro respaldo dos norte-americanos. Na realidade, não era realística a posição de aliança exagerada com este país, que ainda é líder mundial, mais vez revelando suas dificuldades para arcar com o papel que desempenhava no passado.
Nunca se poderia esperar que uma grande líder japonesa deixasse este delicado assunto tão claro como no seu artigo, fugindo do padrão cauteloso dos japoneses, que pode ser obtido na sua íntegra, em inglês: http://www.project-syndicate.org/commentary/us-diplomacy-s-loss-of-bearings-by-yuriko-koike .