Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Intensas Discussões Emotivas Sobre os Médicos

6 de setembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, Saúde, webtown | Tags: causadas concentrações e péssimas distribuições, desconhecimento do Brasil, intensas discussões pouco objetivas, limitações existentes, também em outros setores

Um assunto que vem sendo discutido, na minha modesta opinião, de forma muito emocional, pouco racional e corporativista é o problema dos atendimentos médicos em todo o Brasil. Os problemas semelhantes acontecem também em muitos outros setores como a educação, a distribuição da justiça, de todas as assistências sociais desejáveis para atendimento da população brasileira, que nem sempre são apontadas com a veemência que se observa atualmente no caso da saúde, principalmente sobre os credenciamentos dos profissionais habilitados para o seu exercício.

Sou economista e se obedecida à legislação existente que regulamenta esta profissão, muitos dos que opinam e atuam na área da economia não contam com credenciais legais para tanto. Isto não significa que eu seja favorável à restrição, pois entendo que todos acabam nas suas vidas tendo que atuar em alguns aspectos econômicos, imaginando que são fáceis, e criticando muito os meus colegas que contam, como todos, com suas limitações, principalmente com os seus muitos erros nas suas ousadas e inadequadas previsões. Se reduzida a discussão dos assuntos econômicos aos economistas, não acredito que a situação melhoraria.

Também sabemos que todos nós cuidamos de aspectos relacionados com a nossa saúde pessoal ou de nossos familiares, ainda que não tenhamos credenciais como profissionais desta área. Eu que trabalhei por todo o Brasil e tive oportunidade de visitar os mais afastados e pobres rincões deste nosso país, sou testemunha que fazemos o que podemos e não o que gostaríamos de fazer, notadamente nas tarefas relacionados com os cuidados da saúde, como na educação. Seria desejável que todo o país contasse, como está expresso na nossa Constituição, com o direito à saúde universal, com o padrão do que se dispõe nos mais consagrados centros médicos do país, como São Paulo. Entendo que o que está expresso na Constituição, como ocorre em outros países, é o desejo de chegarmos lá um dia, no futuro incerto.

Somos um país pobre, amplo, desigual. Vi escolas com professoras que mal sabiam escrever o seu nome, mas era o que se dispunha para cuidar das crianças nas regiões mais remotas do Brasil. Vi pessoas doentes serem atendidas por seus familiares baseados nos conhecimentos que herdaram dos seus antepassados, da forma que fosse possível, pois não se dispunha de alternativas. Vi instalações que deveriam contar com um mínimo de condições, mas lamentavelmente não se dispunham. E também vi pessoas heroicas com um espírito que se poderia dizer que fosse missionário, fazendo o que fosse possível para minorar os sofrimentos de muitos brasileiros.

Muitos religiosos se desdobraram para atender os doentes, mesmo que não dispusessem de diplomas para tanto. Dá-se o que é possível, mesmo que não seja a solução mais adequada. No mínimo, a solidariedade humana, talvez um pouco de amor.

Lamentavelmente, as limitações no Brasil, como em muitos outros países, ainda são maiores do que gostaríamos, e precisamos continuar lutando para que sejam minimizadas. E parte é função dos economistas, mas também de todos os brasileiros, para o que se dispõe seja utilizado com a maior eficiência possível. Não parece que se acrescente algo ficando lamentando sobre as nossas limitações, pois muitos estão se dedicando para superá-las, da forma que for possível, mesmo que não haja um consenso sobre os caminhos a serem perseguidos.

Ainda que a concorrência não resolva todos os problemas, a restrição a elas com o corporativismo em nada melhora a situação. Se tivermos alguns formados no exterior em medicina ou cursos de enfermagem ou assemelhados, brasileiros ou estrangeiros, que se dispõem a trabalhar nos lugares extremos deste país para minorar os sofrimentos dos doentes brasileiros, nada parece que se deva proibi-los.

Lembro-me do Dr. Albert Schweitzer, missionário alemão trabalhando na África para minorar os sofrimentos de muitos, nas condições de atendimento mais precárias.

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Dr. Albert Schweitzer

Sou de opinião que este país deve ser livre e se atingimos um nível razoável com o qual ainda não estamos conformados foi em grande parte pela contribuição de muitos estrangeiros que nos vieram ajudar. Devemos consumir nosso tempo com outras discussões que nos possam ajudar, pois somos carentes de tantas coisas que precisamos com a máxima urgência. Faço esta afirmação com profundo respeito aos que pensam de forma diferente, mas parece que seria interessante que eles fornecessem formas alternativas para atendimento dos brasileiros necessitados.