Lições de Economia do Professor Delfim Netto
4 de setembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a coluna do professor no Valor Econômico, desejos de formularem críticas, muitos erros dos analistas, um texto para especialistas
Parece que se torna evidente que os analistas desejam expressar suas críticas às autoridades, imaginando que dispõem de uma capacidade superior àqueles que se encontram no governo. Entre elas, destacaram-se as observações sobre as declarações do ministro Guido Mantega, quando ele se referia que os Estados Unidos estavam provocando uma guerra fiscal. Hoje, numa exposição clara do professor Delfim Netto, fica esclarecido que o governo brasileiro tinha razão e muitos países provocam ou são obrigados a desvalorizar seus câmbios em resposta ao que foi provocado pelos norte-americanos.
O mesmo parece acontecer que as estimativas do crescimento do PIB, que, segundo o divulgado pelo IBGE – organismo especializado neste assunto, o crescimento do segundo trimestre pode surpreender a maioria dos analistas, chegando a mais do dobro do estimado por algumas consultorias privadas. Alegam que o crescimento do setor agrícola sempre foi mais difícil, quando insistimos muito neste site que a safra seria boa, bem como seus efeitos sobre os serviços, ajudando o total da economia. Ainda que as críticas devam ser aceitas, parece que a exagerada parcialidade em nada ajuda a população que é informada por estas análises de forma incorreta.
Ministro Guido Mantega
Seria preciso reconhecer que as autoridades, além do seu natural otimismo, devem dispor de mais informações do que o público. Não se trata somente do Brasil, mas muitos países emergentes estão sendo afetados pelo que acontece nos Estados Unidos, tanto para o bem como para o mal.
Há um reconhecimento que muitas economias, principalmente as que ajustaram seus câmbios, ou foram obrigados a tanto, estão acusando crescimentos um pouco melhores, ainda que incipientes. No mundo globalizado, uns transmitem influências sobre os outros, e o conjunto acaba colhendo resultados ligeiramente melhores, ainda não satisfatórios para todos que anseiam por uma recuperação mais rápida.
O fato concreto é que a disseminação do pessimismo não ajuda a ninguém. Todos somos seres humanos, e, além dos dados que conhecemos, somos influenciados psicologicamente pelas opiniões que sempre ouvimos. Todos sabem que o crescimento é mais fácil num clima onde todos estão mais otimistas.
Todos contam com dificuldades, e uns países estão mais avançados nos seus diagnósticos como nas medidas de política econômica que podem tomar para melhorar a situação. Existem limitações, mas todos pretendem melhorar a situação.
Nada vai ser espetacular, como se fora um milagre. Tudo vai exigir muito trabalho e paciência, havendo momentos em que fracassos também serão colhidos. Não há um caminho só de crescimento, mas, com flutuações, a tendência geral é para a recuperação e o crescimento.
As reformas que precisam ser feitas afetam a muitas forças poderosas, mas todos perseguem o bem coletivo, ou no mínimo da maioria. Existe hoje uma consciência que a distribuição de renda necessita ser melhorada, com os mais humildes conseguindo um mínimo digno para a sua sobrevivência, mesmo com o sacrifício dos que mais podem.
Será uma disputa árdua, mas estamos caminhando.