Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Profunda Revisão nos Conhecimentos de Economia

24 de setembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: até o New York Times informa sobre o assunto, exageros nos modelos de previsão dos riscos, o fracasso dos economistas sobre a crise de 2007-2008, vinculação com os interesses dos bancos

O professor Antonio Delfim Netto é um dos que constatam que depois dos recentes fracassos dos economistas na previsão dos problemas que abalaram o mundo com a crise de 2007-2008, haveria uma grande mudança inevitável nas tendências dos seus estudos. Até no The New York Times, na sua versão em português distribuída pela Folha de S.Paulo, há um artigo informando que Wynne Godley, do Levy Economic Institute, como alguns outros, já anteviam que os economistas com seus sofisticados modelos de previsão dos riscos não conseguiram ver que haveria uma crise que está se mostrando da profundidade do que ocorreu em 1929, cujos efeitos se prolongam até hoje.

Na realidade, houve um evidente exagero com alguns economistas elaborando modelos econométricos que poderiam prever os riscos, não se atentando que os comportamentos humanos são mais complexos, não se restringido à racionalidade que estavam nas suas hipóteses. Comportamentos como de manada, com fortes componentes de psicologia coletiva, entre outros muitos fatores, fazem com que os problemas se aprofundem, mostrando que os parcos conhecimentos de economia necessitam ser completados por outros mais humanísticos, que envolvem a história, a geografia, como todos os demais conhecimentos das ciências sociais, e atualmente das contribuições até do que vem se chamando neuroeconomia.

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Casas abandonadas nos Estados Unidos em decorrência da crise de 2007/2008

Todos sabem que a crise começou nos Estados Unidos com o exagero dos empréstimos hipotecários que foram concedidos e que não puderam ser honrados pelos seus tomadores. Acabaram criando um problema para os bancos que emprestaram sem o devido cuidado, e em vez de serem punidos, principalmente os seus dirigentes, foram contemplados com volumosos recursos concedidos pelas autoridades que ficaram com receio de uma crise sistêmica afetando todo o sistema financeiro mundial.

Abusaram da tese que eram grandes demais para falir, e foram ajudados pelas autoridades como o FED, o Banco Central norte-americano, com o receio que haveria uma quebra sequencial de bancos, criando uma grande catástrofe. De alguma forma, a catástrofe ocorreu ao longo do tempo, sem que nenhum dos responsáveis fosse punido, com sacrifícios somente dos mais modestos.

É preciso enfatizar que nenhum dos bancos e seus dirigentes foram punidos, pelo contrário, muitos saíram com polpudas gratificações. E os grandes bancos continuam evitando qualquer tipo de regulamentação por parte das autoridades, facilitando absurdos fluxos de financeiros internacionais que continuam criando problemas para as economias mais frágeis, deixando milhões de desempregados em todo o mundo.

As instabilidades cambiais continuam violentas, mesmo com os primeiros indícios que a recuperação econômica começou depois de muitos anos, ainda de forma modesta. Os Estados Unidos, o Japão e alguns países europeus complementam os esforços de alguns países emergentes que, mesmo com a redução do seu crescimento, foram mais rápidos na solução dos agudos problemas, inclusive o Brasil.

Uma crise mundial de tal magnitude acaba provocando uma revisão na linha de trabalho dos economistas, ainda que as previsões de crises continuem limitadas. Pois não se conhece ainda nenhuma teoria que permita antecipar as tendências como do câmbio, que está registrado em termos acadêmicos na coluna de hoje do professor Delfim Netto no jornal Valor Econômico.

Mas o que parece previsível é que outros assuntos como as mudanças tecnológicas, o preparado dos recursos humanos com a educação, a sustentabilidade do processo de desenvolvimento, a minimização dos danos ambientais, os efeitos do envelhecimento da população, as necessidades de redes sociais para a proteção dos mais desfavorecidos, a necessidade de alimentação adequada de todos, bem como padrões mínimos de bem-estar estarão entre muitas agendas dos estudiosos, com um pouco mais de humildade dos que trabalham no campo da economia.