Reflexões Sobre o Desenvolvimento Tecnológico

8 de setembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: levantamentos da McKinsey, poucas tecnologias que provocam grandes mudanças, questionamento da concentração na informática e comunicações

Um interessante artigo publicado por Erik Brynjolfsson, do MIT, James Manyika, da McKinsey, e Andrew McAfee, do MIT, no Project Syndicate sobre o impacto de somente doze tecnologias que teriam efeitos de grandes mudanças levam a necessidade de reflexões sobre o assunto. Eles informam que algumas que foram consideradas de grandes potenciais acabaram sendo frustrantes, como os relacionados com os aparelhos de som quatrofônicos. Algo parecido teria acontecido com os que achavam que o B2B, comércio entre empresas, acabaria com o tradicional, o que não aconteceu. A MGI – McKinsey Global Institute teria listado doze tecnologias que consideram que quase certamente provocará grandes impactos econômicos nos próximos anos.

A MGI teria analisado mais de 100 tecnologias em rápida evolução e identificado as 12 se mostram mais promissoras. Eles estimam que o impacto delas pudesse chegar a US$ 14 a 33 trilhões em 2025, ainda que sejam intervalos amplos. Estariam incluídas nas tecnologias de informação, máquinas e veículos, energia, biociência e materiais. Eles consideram que somente a Internet móvel estaria com seu impacto estimado em US$ 10 trilhões até aquele ano, sendo somente US$ 1 trilhão para os prestadores de serviços on line. Como os cidadãos do mundo desenvolvido já estão utilizando muitas destas tecnologias de informática, eles estimam que até aquela data 2 bilhões de habitantes dos países em desenvolvimento terão acesso a estes benefícios.

Os autores do artigo imaginam que muitos trabalhadores do setor on line acabarão sendo substituídos por equipamentos, bem como muitas tarefas de rotina nos escritórios, com avanços na inteligência artificial, que exercerão tarefas cada vez mais complexas, até os que exigem pensamentos abstratos, como inferir significados e fazer julgamentos.

Isto já começa a ocorrer na área do direito e da medicina, e a MGI estima que isto pudesse chegar a US$ 5 trilhões em 2025. Na realidade, muitas destas tarefas já estão ocorrendo no setor financeiro, muitas vezes com desastres ampliados, pois ordens estão já embutidas nos software dos computadores, provocando flutuações exageradas e desnecessárias, não permitindo saber se são benefícios ou danos, numa velocidade incontrolável.

Os empresários, os executivos e acionistas terão que enfrentar as incertezas semelhantes com a maioria das tecnologias disruptivas, aquelas que provocam grandes impactos, com elevado potencial. Algumas já estão aplicadas, como as possibilidades de produzir modelos com diversos materiais a partir de imagens transmitidas pela internet, ou seja, imprimir estes modelos tridimensionais.

As grandes empresas estão se tornando vulneráveis, pois muitas destas tecnologias podem ser utilizadas por novas e pequenas. Seria algo semelhante do que aconteceu da passagem do rádio para a televisão que também poderiam ocorrer, ou quando a mídia eletrônica ganhou predominância sobre a impressa.

Os que estiverem decidindo sobre assuntos que são de uma empresa terão necessidade de conhecimentos tecnológicos com constantes avaliações das mudanças que estarão ocorrendo cada vez mais rapidamente. Como estas tecnologias apresentam somente potenciais, todos estarão jogando no mercado para conseguirem resultados, o que implica em elevados riscos sobre os quais deverão prevalecer as intuições de alguns.

As empresas que introduzem modelos de negócios inovadores parecem que possuem melhores chances. Seria o caso da Google, que procura fornecer tecnologias novas de graça, pois acaba colhendo as possibilidades de obterem ganhos com a publicidade fragmentada, que estão se multiplicando em diversos setores.

Os consumidores estarão escolhendo as tecnologias que lhes parecem as mais adequadas, e os empregados nas empresas que desenvolvem as tecnologias e seus usos necessitarão ter uma formação para se adaptarem às condições que estarão se alterando no mercado a toda hora.

Tudo indica que no futuro próximo as oportunidades serão amplas, mas também os riscos envolvidos.