Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dilema da Agricultura Japonesa

29 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: aproveitamento dos seus aspectos positivos, mudanças inevitáveis, precipitação com as discussões do TPP, reformas na agricultura japonesa

Intensificam-se as discussões sobre as difíceis reformas indispensáveis na agricultura japonesa com o afunilamento das negociações sobre a participação japonesa no chamado TPP – Transpacific Partnership. O professor Masayoshi Honma, da Universidade de Tóquio, apresenta seus pontos de vista no AJISS – The Association of Japaneses Institutes of Strategics Studies Commentary que reúne acadêmicos para a discussão destes temas complexos. Ele mostra que a agricultura daquele país vem perdendo a sua importância e, independentemente do TPP, eles precisam se ajustar à atual realidade internacional. O seu ponto crucial está na pequena escala da sua atual produção de arroz efetuada pelos idosos agricultores, de forma não competitiva com o que é feito no exterior. Nos demais segmentos, como a horticultura e a fruticultura, já haveria uma estabilidade com a forte concentração em algumas variedades especializadas.

O seu ponto de vista é que existem alguns segmentos como se fossem closters, como o que acontece na Holanda, com a consolidação de alguns vales especializados na produção de alimentos. Haveria a necessidade de envolvimento dos jovens, bem como um tempo para processar as mudanças indispensáveis. O governo perseguiria uma redução do custo da produção do arroz no Japão em 40%, com a intensificação de pesquisas, e certamente a concentração na produção de destacada qualidade diferenciada, para consumidores de alto poder aquisitivo.

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Reunião do AJISS Commentary                               Masayoshi Honma da Tokyo University

O que poderia se acrescentar seria a necessidade de aproveitar o que a agricultura japonesa tem de competitivo com relação ao exterior. Observa-se que o Japão sempre foi eficiente na sua embalagem dos produtos, inclusive alimentos, contando com materiais diferenciados para tanto, como a apresentação dos produtos de forma atraente para os consumidores, com invólucros bem elaborados. Os produtos contidos poderiam ser produzidos no exterior atendendo as exigências das autoridades sanitárias e dos consumidores, como os yakitoris já prontos para serem grelhados provenientes do Brasil.

Se este tipo de integração já ocorre com produtos industriais e até serviços, parece que a tendência natural seria caminhar também para os produtos agrícolas. Muitos que são consumidos no resto do mundo contam com as origens no Japão, como algumas frutas e legumes. Muitos que envolvem os mais variados tipos de carnes poderiam ser iniciados no exterior, para a colocação no mercado japonês, pois os preços finais envolvem parcelas importantes relacionadas com a logística, custos finais de venda no varejo e outros intermediários, ficando uma pequena parcela no exterior.

Muitos dos alimentos industrializados consumidos no Japão já passam por processos semelhantes, havendo necessidade de estudar o complexo sistêmico envolvido. Muitas bebidas consumidas no Japão já são preparadas no exterior, com as apresentações finais voltadas para os japoneses.

Uma longa lista destes tipos de alternativas poderia ser discutida tanto utilizando as biodiversidades disponíveis no Brasil, por exemplo, como também em outras regiões do mundo, estabelecendo-se adequados sistemas de tarifas efetivas.