Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Expectativa dos Mercados Ainda Emergentes

16 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo de Richard Cooper e Jaana Remes no Project Syndicate, aumento das cidades dos países emergentes, localização das novas multinacionais, versão em português no Valor Econômico

Depois de um boom de interesse pelos países emergentes, notadamente dos chamados BRICS, após a crise que começou em 2008 nos mercados financeiros dos países desenvolvidos, muitos avaliavam que o mundo voltaria ao comportamento anterior. No entanto, este artigo de Richard Cooper, professor de economia internacional na Harvard University, e da Jaana Remes, do McKinsey Global Institute de San Francisco, USA, publicado no Project Syndicate e reproduzido em português no Valor Econômico, estima que muitas multinacionais futuras terão sede em cidades do mundo emergente, notadamente chinesas, mas incluindo até São Paulo e Campinas, no Brasil.

Eles utilizaram nas suas análises e projeções dados do MGI CompanyScope (http://bit.ly/ZN2Y95), uma nova base de dados de todas as empresas com receitas superiores a US$ 1 bilhão, que são atualmente 8 mil em todo o mundo, 75% localizadas no mundo desenvolvido. Informam que até 2025, o número deverá aumentar em 7 mil novas empresas, com 70% localizadas em regiões de mercados emergentes, não se explicando claramente a metodologia utilizada. Fizeram um mapeamento (http://cnnmon.ie/13xktBp) da localização de suas sedes, constatando que as 20 maiores cidades abrigam 30% destas empresas, sendo que somente cinco delas estão em mercados emergentes.

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Richard Cooper, da Universidade de Harvard, e Jaana Remes, da McKinsey

Até o momento, ainda que alguns grandes grupos internacionais tenham surgido nos países emergentes, o cenário mundial continua sendo dominado pelos tradicionais dos países industrializados. Mas existem indicações que os novis estão mais agressivos, fazendo uso das bases onde novos consumidores se multiplicaram nas décadas recentes.

Tudo indica que o bônus demográfico continuará a beneficiar os países emergentes, onde novos consumidores estão se multiplicando. Mas, não havendo um detalhamento da metodologia utilizada para as projeções futuras, não há como avaliar a validade das mesmas.

No entanto, o que pode se supor é que as grandes metrópoles dos países emergentes continuarão crescendo, surgindo também novos grupos nos grandes países emergentes como a China, a Indonésia e a Índia. Uma das razões que está sendo apontada pelos autores é a capacidade das empresas dos países emergentes de enfrentar as limitações como de infraestrutura que existem nestes mercados, principalmente num cenário em que as mudanças são constantes. Os empresários do mundo desenvolvido sentem-se mais à vontade em economias que contam com maior estabilidade.

Os autores apontam ainda os aumentos dos recursos internacionais, como nos investimentos externos diretos que procuram os mercados mais dinâmicos, mas não há que distinguir as empresas tradicionais das novas.

Uma das análises já publicadas neste site, que envolvem observadores indianos, indica que existem necessidades de adaptações para os hábitos de consumos locais, podendo se levantar a hipótese que as empresas que nasceram nestes cenários sejam mais capazes destas adaptações.

Até que estas metodologias utilizadas fiquem claras, não há como depositar grande confiança nas projeções efetuadas para o futuro.