Gigantescos Interesses Envolvidos no Pré-Sal
18 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: interesses chineses, o leilão do campo Libra do Pré-Sal, outros participantes, programado para 21 de outubro, um dos maiores leilões do mundo
Mesmo um jornal econômico como o Valor Econômico, que costuma ser comedido na redação utilizada, solta uma manchete de primeira página informando que o pré-sal exige investimento de US$ 500 bilhões em 12 anos. Ocupa mais de duas páginas importantes para noticiar o que se sabe deste leilão no campo Libra, mobilizando jornalistas como Cláudia Schüffer, Marta Nogueira, Flavia Lima, Francine de Lorenzo e Karin Sato, uma grande equipe como em poucos casos. Onze empresas se inscreveram para o leilão, pagando taxas de R$ 2 milhões cada, havendo uma expectativa da formação de dois ou três consórcios. O vencedor terá que pagar bônus de assinatura de R$ 15 bilhões para as autoridades brasileiras.
Três companhias estatais chinesas, a CNOOC, China National Petroleum Corporation e a Sinopec, a última em parceria com a espanhola Repsol, a malaia Petronas, a indiana ONGC, a japonesa Mitsui, a francesa Total, a Shell e a colombiana Ecopetrol, além da Petrobras participam da disputa. As ausências de outras empresas gigantes de petróleo mundial foram explicadas com o estoque elevado de reservas que elas já possuem, não permitindo grandes novos investimentos. O noticiário internacional, como do Financial Times, publica uma grande matéria sobre as dificuldades que a Petrobras atravessa, com a exagerada interferência do governo brasileiro nos negócios que afetam seus interesses. Nada mais natural que nestes tipos de disputas as informações mais variadas sejam divulgadas. Os funcionários da Petrobras estão em greve e existem tentativas de ações judiciais da parte daqueles que entendem que o Brasil não defende adequadamente seus interesses.
Os desafios são gigantescos, pois este campo é considerado como dos mais elevados potenciais, e somente especialistas podem fazer uma avaliação com uma ampla margem de erros. Apesar de estar abaixo de uma lâmina de água em torno de 1.500 metros, que não é das mais profundas, envolve uma área de 1,5 mil quilômetros quadrados, comportando dezenas de poços, cuja produção terá que ser concentrada num ponto para ser transportada para o litoral.
As cifras envolvidas são todas gigantescas. Uma consultoria especializada, a IHS, estima que sejam necessárias 630 mil toneladas de aço, 7.800 quilômetros de linhas flutuantes, 52 mil toneladas de tubulações, e 75 mil toneladas de equipamentos submarinos. Uma parte destes equipamentos terá que ser produzido pelos estaleiros brasileiros, sendo um dos grandes desafios.
Se tudo correr bem, o Brasil depois de alguns anos se tornará um importante produtor de petróleo e gás, quando ocupa hoje o 13º lugar no mundo. Somente Libra pode representar 65% da produção atual do país em petróleo e gás.
Informa-se que a China está muito interessada em assegurar uma importante alternativa para o seu abastecimento, o que se torna claro com a participação de suas principais estatais neste leilão. A Petrobras, que poderá participar de um dos consórcios, mesmo que não seja o vencedor, estará presente obrigatoriamente por um dispositivo legal especialmente aprovado pelo Congresso e sancionado pelo Executivo.
Ao mesmo tempo em que este leilão é uma grande oportunidade para o Brasil também é um dos maiores desafios já enfrentados, inclusive do ponto de vista tecnológico. Existem muitas pesquisas que ainda terão que ser feitas. Não se pode contar com os seus benefícios até que a produção se torne uma realidade.