O Crime Organizado e a Economia Japonesa
28 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: aperto das autoridades, artifícios usados, artigos no Nikkei e no Financial Times sobre envolvimento do Mizuho Bank, problemas existentes por décadas
São antigas as notícias sobre empresas e bancos japoneses acusados de serem chantageados por elementos do crime organizado, o que vem sendo combatido pelas autoridades japonesas. Era tradicional criminosos adquirirem poucas ações destes estabelecimentos, comparecerem nas suas assembleias de acionistas e apresentarem longos pronunciamentos incômodos para todos, com indícios de irregularidades. Para se defenderem destas ações, as assembleias da maioria das empresas passaram a ser convocadas todas para as mesmas datas e horários. Agora, as fiscalizações sobre o Mizuho Bank indicam que uma de suas subsidiárias que atuava no financiamento de automóveis, entre outras vendas, estava financiando suspeitos de crimes já há muito tempo, desde antes das fusões que resultaram no atual banco. As notícias divulgadas sobre o assunto aparecem no Financial Times como no jornal econômico japonês Nikkei, informando que seus dirigentes estão se autopunindo, com a redução de seus honorários, incluindo também demissões de alguns diretores e punições equivalentes aos dirigentes já aposentados.
A comprovação destas irregularidades é difícil, pois muitos destes financiamentos são de veículos normais que eram utilizados pelos acusados de crime, não havendo necessidade de plenas garantias dos financiados e das empresas de fachada que os empregam na legislação japonesa. Os japoneses, quando sob investigações, ainda que não tenham confirmadas as irregularidades, costumam assumir suas responsabilidades perante o público, utilizando-se das autopunições.
Muitas são as informações veladas de empresas que atuam como fachadas para organizações criminosas, consideradas controladas pelos criminosos organizados conhecidos como yakuza, que se assemelham com as versões ocidentais dos mafiosos. Suspeita-se que sejam poderosas, possuindo braços infiltrados nas áreas políticas e governamentais, sendo de difícil controle. Muitas de suas atividades parecem atuar no setor da construção e dos jogos legais, como os conhecidos como pachinko.
Tanto as autoridades, dirigentes de bancos bem como analistas independentes admitem que a legislação não tenha sido eficiente de forma suficiente a coibir estes tipos de operações duvidosas. Também os dirigentes bancários afirmam que os cuidados internos não eram suficientes para identificar estas operações.
Algumas fusões de bancos no Japão permitiram eliminar os feudos onde os ligados com o crime organizado atuavam, segundo analistas acadêmicos. Irregularidades detectadas no passado não tiveram seus sistemas operacionais alterados para que não se repetissem, o que permite gerar suspeitas que houvessem interessados na sua continuidade.
As autopunições não estão sendo consideradas suficientes e existem convocações na Dieta para que os dirigentes bancários sejam convocados para fazer os seus depoimentos, iniciativa que vem sendo apoiada por ministros do atual governo japonês.