Pesquisa de Opinião no Japão Sobre Medidas do Abeconomics
27 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: apoio da imprensa, elevação de impostos, outras informações, redução de tarifas de importação
O jornal econômico japonês Nikkei publicou um levantamento de opinião efetuado neste fim de semana pelo telefone com 1.747 famílias sobre alguns pontos cruciais da política chamada Abeconomics, que vem sendo implementada pelo atual governo japonês. Informa-se que a maioria das famílias japonesas aprova a redução ou eliminação das tarifas de importação sobre o arroz e outros produtos agrícolas, como cogitado nas negociações efetuadas no âmbito do chamado TPP – Transpacific Partnership. É preciso entender que hoje mais de 70% dos produtos alimentícios que se encontram nos supermercados japoneses já são importados, inclusive verduras e legumes.
Informa-se que nas pesquisas anteriores esta aprovação era de somente 29% e que se elevou para 53%, mostrando que a campanha que vem sendo promovida pelas autoridades, empresários e com a ajuda da mídia japonesa está provocando uma mudança significativa de opinião. Mas, segundo a pesquisa, os agricultores japoneses a consideram intragáveis, ultrapassando os que o consideram apropriado.
Os agricultores japoneses vêm recebendo substanciais subsídios para manter suas plantações como de arroz, que, feito pelos idosos em pequenos espaços, acabam não sendo competitivas com relação às produções norte-americanas ou do Sudeste Asiático, que são considerados de qualidade inferior. Mas as produções japonesas são de especial qualidade, sendo utilizadas somente em estabelecimentos de alto nível, não fazendo parte do cotidiano dos consumidores japoneses.
Também as frutas e legumes japoneses são cultivados nos chamados “vinil house”, com temperatura e umidade controlada consumindo muita energia. Os consumidos cotidianamente pelos japoneses já são importados de países como a Coreia do Sul, Taiwan e a China, principalmente.
Estas pesquisas são efetuadas mensalmente, e o apoio ao governo continua no nível em torno de 66% o que é bastante elevado. Sobre o aumento de impostos sobre as vendas que passa do atual 5% para 8% num primeiro momento, para tentar chegar a 10% depois de um ano e meio, que era de 51% em abril último, não parece estar se alterando. Mas, sobre elevações futuras, 64% se manifestam contrárias.
Muitos analistas entendem que mesmo estes aumentos tributários não seriam suficientes para estancar a elevação da dívida pública que estaria em 200% do PIB, sem considerar as reservas internacionais que o Japão possui. Seria indispensável imaginar-se uma redução das assistências sociais para os idosos e redução das aposentadorias ou elevação de suas contribuições.
Portanto, ainda que a Abeconomics tenha um apoio da opinião pública, ela ainda não é consolidada, e quando seus efeitos depressivos se manifestarem haverá necessidade de outros meios para suavizar a situação. Entre eles, cogita-se da maior ampliação da flexibilidade monetária, que deverá elevar a desvalorização do yen, promovendo maior competitividade para as exportações japonesas, mesmo com uma inflação com meta para 2% ao ano, que até agora era deflacionária. As autoridades estão propondo que haja aumento dos salários para preservar o poder de compra dos japoneses, mas as empresas ainda não se entusiasmaram com estas medidas.
Isto determina uma maior agressividade dos japoneses com relação aos acordos de livre comércio com seus vizinhos, ainda que tenham que enfrentar problemas como as disputas internacionais de ilhas e os problemas de contaminação radiativa de Fukushima.
Isto indica que não há milagre em nenhum lugar do mundo, havendo necessidade de duras negociações que acabarão atingindo uma parte da população, mas que se espera que beneficie a maioria dos japoneses.