Religiosidade dos Japoneses
28 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: a natureza, artigo de Chris Betros no Japan Today, o problema do politeísmo, tentando responder a muitas perguntas dos estrangeiros
Num artigo publicado no Japan Today, Chris Betros, que mora no Japão desde 1980 e é católica, dá a sua forma de ver o comportamento do povo japonês sob o aspecto religioso. Informa que todos participam de eventos como os finados, ano aovo, bem como outras datas quando comparecem aos templos para fazer as suas orações e oferecerem incensos ou pequenas contribuições, o que entende como parte de sua cultura, que considera espiritual. Certamente, é uma dificuldade para uma pessoa que seja monoteísta compreender o comportamento daqueles que são politeístas, chegando considerar todos os objetos da natureza como deuses. Muitos japoneses, cuja religião oficial é o xintoísmo, marcam ativamente eventos importantes de suas vistas com cerimônias Budistas.
No artigo, a autora informa que a Agência de Assuntos Culturais do Japão registrou desde 2011 mais de 180 mil novos grupos como corporações religiosas, e interpreta com isto que os japoneses são espiritualitas. Muitos têm um respeito religioso à natureza, como as pedras, as árvores, os rios, as montanhas, e temem as manifestações climáticas ou naturais como os ventos, tufões, trovões e os terremotos.
Expressam seus votos quando visitam os templos, quando vão prestar exames vestibulares, ou simplesmente numa data folclórica. Certamente, é difícil entender todos estes comportamentos para aqueles que são religiosos como os ocidentais, mesmo que adotem posições ecumênicas de respeito a todas as crenças.
No que se refere ao elevado registro de entidades consideradas religiosas, a sua justificativa parede residir nas isenções tributárias a que estão todas as instituições destinadas a estas atividades, ficando mais fáceis do que aquelas voltadas para atividades filantrópicas, não governamentais e sem finalidade de lucros.
A autora explica que uma iniciativa de décadas oferecendo alimentos aos moradores de rua, apesar de sua origem católica, acabou recebendo adesões de muitos japoneses, pois não são destinadas às pregações para a adesão à igreja de sua origem.
Ela observa também que os japoneses, independente de serem religiosos, espiritualistas ou supersticiosos, acabam sendo solidários com os que são vítimas de tragédias, sejam naturais ou humanos. Poderia se entender que na cultura japonesa há uma maior tendência à solidariedade coletiva, que também se observa em outras culturas, talvez de forma menos atenuada.
E, certamente, as visitas aos templos mais famosos acabam fazendo parte da cultura, pois são marcos mais significativos do seu patrimônio cultural, aos quais os japoneses procuram prestar suas homenagens.