Algumas Características que Começam a Ser Diferenciadas
2 de novembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: diferença de política monetária com a norte-americana, diversos artigos, pragmatismo com uma situação ainda não definida totalmente
Muitas diferenças da política japonesa começam a ser destacadas em artigos publicados em jornais internacionais. No Financial Times, por exemplo, Ben McLannahan observa que, mesmo com os Estados Unidos cogitando o término da política do easing monetary policy, o Bank of Japan mostra-se disposto a continuar com as facilidades monetárias para consolidar a chamada Abeconomics, visando a recuperação da economia japonesa. Os resultados até agora conseguidos são ainda preliminares, dando uma boa indicação, mas muitos trabalhos mais profundos precisam ser efetuados, para consolidar a volta ao seu crescimento, com uma inflação tolerável de 2% ao ano como alvo.
O fato concreto é que a economia mundial ainda está com uma recuperação modesta, não facilitando o crescimento das exportações japonesas, mesmo com a desvalorização cambial que já foi expressiva. Evidentemente, existe uma reação de alguns parceiros comerciais dos japoneses, pois todos estão também enfrentando problemas similares, ainda que as cifras sejam diferentes.
Outra diferenciação pode ser notada num artigo publicado no jornal econômico Nikkei referindo-se ao comportamento da siderúrgica Nippon Steel & Sumitomo Metals, recentemente fundidas, hoje considerada a segunda do mundo depois da indiana ArcelorMittal sendo comparável com a coreana Posco, considerada a terceira.
A japonesa estaria elevando suas vendas e resultados, concentrado no mercado interno em recuperação, notadamente com a expansão do setor de construção civil. A coreana estaria sentido a redução da demanda provocada pela Hyndai, que passou a contar com uma siderúrgica independente. A tendência mundial que se observa é o das fusões, visando ganhar uma escala maior, diante dos desaquecimentos que se observam no exterior.
É preciso observar também que os japoneses vêm reduzindo seus custos internos, para ganharem condições para as competições internacionais, que ainda não estão se intensificando, mas apresentam um cenário que vai exigir aperfeiçoamentos nas suas eficiências empresariais.
Todos observam que as siderúrgicas chinesas se encontram com cerca de 30% de capacidade ociosa, com os ajustamentos que estão ocorrendo internamente tanto no setor de infraestruturas como nas habitações. Seus produtos poderão chegar com preços mais baixos no mercado internacional, que vai enfrentar uma concorrência mais acirrada.
Estas observações se tornam importantes também para o Brasil, que também se encontra neste mundo globalizado, contando com poucos investimentos recentes para melhorar suas eficiências industriais.
Num outro artigo de Jennifer Thompson, também no Financial Times, observa-se o esforço japonês para consolidar a sua identidade nacional no exterior, mencionando que as imagens da Hello Kitty, bem como do Issey Miyake, como marcas internacionais, procurando uma clara linha de marcar a noção do “Cool Japan”. No Abeconomics atual parece que se tenta consolidar uma ideia de um país potência, nos mais variados setores, estimulando-se este espírito coletivo dos japoneses.
Como o mercado interno conta com um número elevado de idosos, os japoneses necessitam reforçar a sua imagem no exterior para facilitar a colocação dos produtos de suas pequenas e médias empresas. Para tanto, se criou o chamado Cool Japan Fund, procurando se utilizar os eventos expressivos como as Olimpíadas de 2020 para esta finalidade. Lamenta-se que o mesmo tipo de visão não tenha dominado o Brasil, com a Copa e com as Olimpíadas de 2016.