Esforço Para Mudar a Política Econômica Brasileira
7 de novembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: entendimento com o setor privado, entrevista de Delfim Netto para o Valor Econômico, Lei da Responsabilidade Fiscal, necessidade de manter o superávit fiscal, tempestade perfeita
Diante da reconhecida teimosia da presidente Dilma Rousseff, uma verdadeira campanha está se desenvolvendo para convencê-la de que o Brasil corre um grande risco, que poderá comprometer a sua reeleição, apesar dos fracos adversários que ela deverá enfrentar. A entrevista que Delfim Netto concedeu a Claudia Safatle, publicada no Valor Econômico, que pode ser lida na sua íntegra pelos assinantes no http://www.valor.com.br/brasil/3330794/governo-precisa-desmontar-ideia-de-que-e-contra-os-mercados-diz-delfim, onde se acrescenta aos recados que já foram enviados ontem por Joaquim Levy na entrevista publicada no mesmo jornal. Apesar do quadro não ser tão otimista como o governo gostaria, nem tão crítico como estão sendo apontado pela oposição, o resultado fiscal do governo é crucial para a possibilidade de reclassificação do Brasil pelas agências de rating, num momento em que a política monetária dos Estados Unidos deve ser mudada, terminando com o chamado easy monetary policy, elevando a taxa de juros no mercado internacional.
Os jornais estão inundados pelas informações sobre os elevados gastos do governo com programas sociais, que deverão continuar a crescer. As pressões dos governadores e prefeitos para permitir contrair novos empréstimos, com a revisão dos juros sobre a dívida com o governo federal, acabam eliminando as importantes restrições que foram conquistadas com a Lei da Responsabilidade Fiscal. O caso da Prefeitura de São Paulo é emblemático, pois atendendo os desejos do prefeito Fernando Haddad, as contas nacionais acabarão rompidas.
Professor Delfim Netto
O problema, como também colocado por Joaquim Levy, não é eminente, mas, sem um rigor da presidente Dilma Rousseff, o Banco Central somente com seus instrumentos será incapaz de conseguir os resultados necessários, que dependem basicamente do aspecto fiscal.
Delfim Netto coloca claramente que o governo necessita conquistar a confiança do setor privado, para permitir que as licitações relacionadas com a melhoria da infraestrutura permitam o aumento da produtividade da economia brasileira. Sem o restabelecimento da confiança com o governo, o que não é fácil, vai se manter a imagem que o governo é exageradamente intervencionista, inibindo os investimentos privados.
Sem os investimentos governamentais, limitados pelos seus gastos controlados, só se poderá contar com o aumento dos investimentos privados, inclusive em infraestrutura. Há possibilidades para tanto, desde que haja maior confiança no governo.
Se o Brasil vier a ser reclassificado pelas agências de rating, mesmo no começo do próximo ano, quando o FED – Banco Central dos Estados Unidos estiver mudando a sua atual política monetária, estaremos dentro do que Delfim Netto vem chamando de tempestade perfeita, com elevada possibilidade de uma crise como já tivemos no passado.
Se o quadro eleitoral já não está fácil para a reeleição de Dilma Rousseff, com a deterioração do quadro econômico, sua possibilidade para um eventual segundo turno será mínima. O governo não muda quando quer, mas quando é obrigado pelas circunstâncias. Assim, mesmo com a teimosia de Dilma Rousseff existe uma esperança que ela seja obrigada a adotar uma nova postura com relação aos gastos públicos, além de restabelecer a confiança do setor privado no governo.