O Escritor Hindu Laxman Rao
26 de novembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: 24 livros tipo cordel escrito em híndi, descrito no The New York Times, escritor que vive vendendo chá
O jornal The New York Times é universal, tendo a capacidade de destacar num artigo de Zach Marks até um escritor modesto de nome Laxman Rao que escreveu 24 livros escritos no idioma híndi tratando de romances, peças de teatro e análises da sociedade indiana e política. Mora hoje em Nova Delhi, mas vive o cotidiano vendendo chá, o suficiente para lucrar o correspondente a 10 dólares diários, com o que vive. Mas conta com leitores fiéis como a falecida primeira-ministra Indira Gandhi e o ex-presidente Pratibha Patil. Com uma educação formal que só foi até o 10º do primário, nasceu no Estado de Maharashtra, passou por outras localidades até chegar à Nova Delhi, na localidade de Hindi Bhavan, um centro cultural.
Estes vendedores de chá são conhecidos como wallahs chai e são pulares na Índia. Laxman Rao publicou seu primeiro livro em 1979, “Uma Nova História de um Novo Mundo”. Seu best-seller é “Ramdas”, publicado em 1992, que conta a história de um estudante que morreu afogado na aldeia onde nasceu o escritor. Ele já vendeu mais de 10 mil cópias dos seus livros que auto publica. O repórter Bhanu Pande, do The Economic Times, escreveu que seus livros exalam um raro sentido de honestidade e humildade. Outro jornalista, Nalini Ranjan, do The Tribune, disse que os escritos dele são tecidos em torno das realidades básicas da vida.
Laxman Rao em seu ofício de vendedor de chás
Laxman Rao permanece em sintonia com estas realidades e adota uma posição minimalista, Conversa com os que o procuram, até para aconselhamento, de onde retira inspirações para seus livros. Ele é muito popular na região em que ele trabalha, havendo até os policiais que frequentam o local onde atua, tendo uma licença para tanto, mas ele não é sujeito aos subornos a que outros estão submetidos, como de costume em muitas localidades.
Ele é conhecido e respeitado por muitos, merecendo uma reverência. Muitos vão procurar o seu chá, e é considerado como um sábio. Um dos livros que escreveu sobre uma frequentadora do seu chá, “Renu”, levou-o até o presidente Patil, que o leu.
Ele escreve usando uma pequena lâmpada, pelo menos cinco horas por noite, depois de trabalhar 10 horas diárias vendendo chá. Completou por correspondência um curso na Universidade de Delhi, e está fazendo o mestrado em literatura Hindi.
Ele está procurando dedicar-se somente à venda de livros e afirma estar perto do seu objetivo, apesar de continuar a vender chá. O autor do artigo é um jornalista que pesquisa estes vendedores de chá, os wallah chai.
A história relatada apresenta muitas semelhanças com os que elaboram a literatura de cordel no Brasil, que imprimem também seus trabalhos e se dedicam à sua venda.